Um telefonema, uma decisão, uma mochila pronta, pesada de carinho e amizade e lá se foi ela, ansiosa por belas paisagens rumo à uma felicidade santa.
A surpresa chegou puxada por um jeep Toyota branco e suas rodas 4 x 4. Uma aventura recebida embaixo de uma goiabeira na praça, com um elegante e delicado assovio e muitas gargalhadas.
Como é bom ter histórias para contar e uma memória para fotografá-las!
Fotos arquivadas e relatos sem fim foram regados por um almoço às 3 da tarde, acompanhado de dois focinhos e 8 patas que nos ouviam como se fizessem parte das histórias.
O tempo voou e o fim daquela tarde chegou tão de repente, que quando perceberam, as nuvens claras já estavam se despedindo, à espera de um aceno gentil.
O silêncio, o céu nublado e o balanço das folhas num rodopio ligeiro, chamavam para uma tímida cumplicidade, que aos poucos foi ganhando força.
A sopinha no fogo, o vinho que chegou na taça de prata, o pãozinho caseiro que se debruçava sobre o paninho delicadamente bordado e a meia-luz que teve como foco a bonita e florida toalha da mesa, gritavam por palavras, que ansiosas, queriam sair de dentro e no colo alheio, pular e se materializar.
As frases aproveitavam a música e iam dançando num balé sem fim. As cortinas estavam abertas, a emoção não aguentou esperar os aplausos finais e a primeira lágrima caiu suavemente pelo rosto, procurando um abraço.
Relatos vinham, confidências iam, e a noite escura não trazia aquela lua cheia linda para ser apreciada na varanda, mas mesmo assim se fazia especial, iluminada por algo ainda maior.
As primeiras gotas de chuva chegaram sem avisar, mas foram muito bem recebidas. Acompanharam os olhos aguados que vazavam e aliviavam, acalmando os corações que tentavam decifrar aquela janta recheada de poesia, embalada por doces caseiros e presenteada por uma iluminação que vinha da alma e povoava o ambiente todo.
Trocas, partilhas, olhares, mjadra (arroz com lentinha e cebola caramelada) pra lá de especial, queijo com goiabada, gengibre em conserva, abóbora em calda, chucrute também caseiro e muito amor.
E a comunhão se fez!