Pintei o cabelo de boto rosa.
As unhas, de azul.
Separei roupas, toalhas, sapatos e dúvidas.
Acendi uma vela. Rezei!
Escolhas foram lembradas.
Desisti!
Intuição? Pressentimento? Medo?
Fazendo um esforço danado para mandar a culpa seguir viagem...
Gritando no meu próprio ouvido que tudo está onde deveria estar,
inclusive eu!
Tentando trazer o dia lindo lá de fora
aqui pra dentro do peito,
que aos poucos vai afrouxando.
Apago o azul.
Escolho um esmalte rosa.
Cicatrizes de boto.
Lutas comigo mesma!
OBS.: Todo boto nasce cinza, mas as cicatrizes vindas de brigas entre os botos machos os deixam rosa (Revista Super Interessante, Nov/21).