E abril termina recheado de incertezas
e as perguntas continuam sem respostas.
E as portas seguem trancadas,
os rostos cobertos e o toque suspenso.
Mas as janelas começaram a se abrir,
o sol foi convidado a entrar,
o sorriso aprendeu a dar bom dia,
e seguimos juntos, apesar de separados,
longe, mas mais perto do que nunca.
Buscamos nos encontrar nos desencontros.
Procuramos fazer o que nunca foi feito.
Limpar o que nunca foi limpo,
lavando inclusive a alma.
Acabamos nos dando conta que não tínhamos tempo e agora que temos, não sabemos o que fazer com ele.
E de repente o povo se pôs a faxinar, a cozinhar, a estudar com os filhos, a ligar para os pais, a escrever, a desenhar, a pintar, a escrever, a dançar, a cantar, a brincar, a bordar, a meditar, a fazer ioga, a estudar mandarim, a fazer curso disso e daquilo.
Um novo normal que está matando lá fora, mas que está trazendo vida às nossas vidas, aqui dentro.
Dentro de cada lar cuja liberdade de ir e vir, ia e vinha, mas não tinha tempo para o outro. Seguia imersa numa corrida desenfreada que esquecida do presente, estava sempre pousada no futuro.
Pois feito criança de castigo, fomos obrigados a nos refugiar dentro de nossas próprias casas e olhar, dia após dia para os nossos.
Olhar bem dentro do olho dos nossos conflitos e nossos fantasmas
e sugerir um novo olhar.
Decidir se continuamos anestesiados ou acordamos para a vida e resolvemos olhar melhor para nossos alimentos, aqueles
que nutrem a alma.
Decidir se olhamos pra dentro de nós ou continuamos olhando somente para fora, com as lentes embaçadas.
Que depois de tudo isso, continuemos sorrindo com um olhar e abraçando com um sorriso.
Que nossos olhos alcancem o outro.
Que as mãos, agora livres, cuidem da Mãe Terra com o respeito e carinho que ela merece.
Que os abraços sejam mais valorizados do que nunca.
E mais apertados.
Num nó que não se desfaça tão cedo.
Vários nós!
Todos juntos e misturados.
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