Horário de rush. Ônibus lotado. Motorista atrasado.
De repente, entra ela, ofegante, maquiada, salto alto e olhar triste.
Chovia lá fora e parece que também inundava aquele coração igualmente nublado.
Olhou rapidamente para o interior do veículo e parecia vê-lo, dentre tantos.
Tantos desencontros.
Tantos desencontros.
No fone de ouvido, Lou Reed e lembranças...
Palavras que antes saíam espontaneamente, agora ficam trancadas e a fazem prisioneira... não tem vontade de falar, não tenho vontade de sonhar.... apenas sente vontade grande de chorar, e chora.
Chora e as lágrimas que escorrem por sua face se assemelham aos pingos que deslizam pelo vidro da janela, tentando entrar...
Fica a pensar se trata-se de uma depressão tardia ou uma menopausa precoce, mas o fato é que sente saudades do brilho dos seus olhos...
Tudo parece parado, apesar do ônibus em movimento... olha em volta e não vê sentido em nada.
Nunca pensou que a essa altura da vida, aos 40 anos, pudesse se sentir tão indefesa e frágil feito uma criança de 5 precisando de um colo de mãe.
Não conseguia conversar com as pessoas que mais amava, e FALAR lhe fazia falta feito AR.
Chovia lá fora e ali dentro, sem previsão de sol para amanhã.
Pessoas lhe ofereciam lugar, mas não escuta e nas curvas do trajeto pra casa, tudo o que conseguia era um equilibrar e desequilibrar.
Cansou dos "ses" da vida que impediam a vida de andar pra frente, de se fazer algo que a resgate a felicidade e a ajudasse a fechar tantas feridas ainda abertas.
Sentia-se invisível, mas ainda estava ali.E a vida a lembra que ela é curta e às vezes pode ser tarde demais...
Aos poucos o ônibus vai esvaziando e chega ao seu destino.
Finalmente senta e parece se acalmar.
Ele se aproxima.
Ponto final. Ônibus errado.
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