domingo, 20 de agosto de 2017

Deixando o silêncio falar



Ah! Diria ela, no auge dos seus 34 anos! 

Essa vida é realmente muito engraçada, surpreendente, mutante, efêmera, esdrúxula até!

Nunca imaginou que a essa altura da vida, lá estaria ela, numa ansiedade absurda, correndo atrás de pensamentos confusos, e olhos e ouvidos perdidos voltados para as mãos.

Fez 35 anos e se deu de presente um aparelho de última geração. Em pouco tempo, cada ruído sinalizando a chegada de nova mensagem era como um voo de uma borboleta a mais no seu estômago.

Enviando um whatsApp, ele precisava chegar. Chegando, precisava ser lido. Lido, precisava ser respondido e chegou uma hora que ramalhetes de flores virtuais já não eram suficientes. Pronto! Ao resolver criar algo, ao invés de escolher um porco, para que pelo menos tivesse o bacon, criou expectativa. Alimentou uma ilusão, e a frustração veio de brinde. Presente de grego!

Louca por palavras, principalmente as escritas,é alimentada por elas e as traz consigo numa relação de profunda conexão e cumplicidade. Mas precisa entender, de uma vez por todas, que nem todos são assim. Aliás, pouquíssimos são assim!

E vê sua sensação de tempo livre crescer. Tempo para suas leituras, para suas artes, para sua música, para sua dança, para o chá inglês com as amigas, para os cinemas, para os parques, para seus voos e para seus passeios na companhia dos seus versos. 
Um tempo dedicado a ela, pra ela, dela!

Certo dia saiu, e voltou diferente. Firme, decidida a não sofrer mais por antecipação, por preocupação, por falta ou excesso de ação.

Amanheceu e acordou com vontade de se "desintoxicar". 
Sim! Detox de vida!

Dentre tantas mensagens recebidas, uma alertava para os encantamentos malucos que de repente acontecem na vida, 
perigosos feito drogas.

Nos sacodem, gritam que estamos vivos, nos chamam a experimentar sensações e sentimentos até novos ou há muito não sentidos, 
e quando você vê, acaba querendo mais, mais e mais!!!!

Começa com o frio na barriga, acelera os batimentos cardíacos, um desejo de posse, um controle, um querer estar junto, um frisson que altera o nível de consciência de alguma forma, feito uma substância que te leva ao máximo prazer e depois te derruba sem piedade.

Serenou! Por alguma razão percebeu que seu coração ainda não está preparado para lidar com tanta adrenalina em forma de tamanha montanha russa.

E se voltar a usar essa "droga", que seja com a moderação necessária para não tirar seus pés do chão.

Ao longo dos seus 35 anos de idade, já teve algumas amostras grátis embaladas em forma de paixão. Adorou a embalagem e o laço vermelho, mas o conteúdo ainda lhe cai indigesto.

Nada que uma xícara de chá de boldo não resolva e seguiu, 
deixando o silêncio falar.


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