quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Sala de Espera




O sofá é azul, espaçoso e aconchegante, e eu e algumas colegas charmosamente descansamos, espalhadas sobre ele.
 
Exibida que só, estou de xadrez (azul, branco e vermelho), e me sobressaio dentre as demais, que revestidas com pouca cor, tem sua timidez destacada pelo cinza, preto e marrom. 
Ali permanecem, mudas e inertes, praticamente sem atitude perante os que sentam e levantam a todo momento.

Em geral sou alegre e tranquila, mas às vezes o medo e a escuridão me assombram.


Saindo da minha zona de conforto, de vez em quando percebo que deixo o ordinário e é como se me mantivessem num armário, onde apenas uma porta fechada me protege da minha própria nudez.


Mas, como depois de uma tempestade, o sol volta a brilhar, 
retorno ao meu dia-a-dia ainda mais feliz, cheirosa e radiante.
  Modéstia à parte, sou super fofa, apesar de alguns insistirem que estou um pouquinho acima do peso.  Ousada e atrevida, quando não estou no colo de alguns, que adoram me apertar, me apalpar e me abraçar, ainda suporto o peso daqueles que em mim se apoiam. 

Mas tudo bem! Afinal de contas, me emociona e me sensibiliza este lugar. As luzes da entrada, a recepção, os corredores gelados e uma placa em especial indicando a ala dos pequeninos. 
Olho pra minha vida, assumo o meu papel, e quando uma criança vem correndo, me joga no chão e tenho que ficar literalmente esmagada por uma cabeça cujo corpo se debruça sob a maciez do tapete, para ali ficar por horas, enfeitiçada, respiro aliviada por estar fazendo o bem.
 
A tela da velha TV exibe mais um desenho animado.

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