Nunca parei pra pensar muito nisso, mas com a partida da irreverente, ousada, rebelde, única e icônica Rita Lee, me identifico com o bordão "ovelha negra da família". Do meu jeito, sempre trouxe uma insatisfação interna e uma personalidade forte como diziam alguns.
Sempre fui aquela que falava, se manifestava, questionava e se ferrava por conta disso.
Escorpiana, comentavam outros!
Rita nasceu no último dia do ano e diante da dificuldade de competir com os fogos de artifício do Réveillon, resolveu comemorar seu aniversário no dia 22 de maio - dia de Santa RITA de Cássia, é mole? Achei o máximo e esse tipo de coisa nos move a ser como ela. Desbocada, com parafusos soltos quando jovem e encontrando esses parafusos na velhice, mas ainda sem apertá-los. Preferia-os frouxos, sem comprometer sua autenticidade.
Ainda não tenho 75 anos e nem sei se chegarei a soprar tamanha quantidade de velinhas, mas como ela, também gostaria de serenar assim, trocando os chás de cogumelos por camomila (não que eu tenha experimentado um); as noitadas (saudades de dançar até as 3 da manhã), por leituras longas enquanto os óculos ainda dão conta das letras pequenas na penumbra do abajur, e os ruídos da cidade pelo canto do bem-te-vi, que mesmo diante da selva de pedra ainda me visita toda manhã.
Gosto de comer, gosto de experimentar sabores diferentes, gosto de cozinhar, e outro dia, censurada diante de um prato de comida árabe, eu disse que gostaria de morrer comendo...
Hoje já acordei com outras vontades.
Uma delas é de morrer lendo, escrevendo e bordando e que o último suspiro seja deitada numa rede, de preferência com o sol batendo na janela.
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