quinta-feira, 9 de outubro de 2014
Dor de mãe
Nasceu no mês das crianças, e criança permaneceu.
Birrento, inseguro, teimoso... e com o passar dos anos, prepotente, egocêntrico, orgulhoso.
A boca grita e o coração chora cada vez que vomita uma palavra negativa, um pensamento negro ou desfaz uma atitude boa, que logo voa...
Falta gratidão e sobra crítica e julgamento.
Apesar da força física, o fígado se desintegra diante de tanta raiva exposta pela vida. Dizem que ele, o fígado, se regenera, mas e o coração? Um coração que se faz rude, cruel e sangra, numa hemorragia que só faz aumentar.
Um olho busca o outro e não o encontra, braço aberto para o abraço não se faz e a afetividade se desfaz.
Se desfaz não, porque se existe, não encontra vida para se materializar.
Não se materializa pois ficou lá atrás, na infância desperdiçada com revoltas, mágoas, desentendimentos, incompreensões.
A noite adormece com cheiro etílico e amanhece com ressaca de passado.
Sombras que assombram e não somem.
Sombras que encobrem a cobrança.
Sombras que emudecem, cegam e velam uma surdez cada vez mais profunda.
Do outro lado, a mãe assiste a tudo com uma vela acesa.
A oração e a crença num Poder Superior é que a que acolhe no momento.
Acolhe, embala e tenta estancar um coração que ainda sangra e dói...
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