terça-feira, 21 de março de 2017

Coração de mãe





Às vezes acho que não sinto falta da minha mãe como devia.

Sei lá!

Ela partiu há quatro anos e 3 meses e é como se ainda estivesse lá, não sei onde, mas com um encontro marcado no infinito.

Talvez porque eu me negue a racionalmente considerar que não vou mais rir de suas histórias, me deliciar com sua empada de palmito, acompanhá-la à igreja, convidá-la para o almoço no dia das mães ou puxar sua orelha por ajudar mais aos outros do que a si própria.

Talvez porque eu me negue a acolher uma tristeza que chegaria, sem data pra ir embora.

Acho que prefiro ficar com a saudade, que dói, mas que também ajuda a cicatrizar as feridas, aliadas ao tempo que a acompanha e suaviza o vazio, que continua lá, mas sugere ser preenchido pelas boas lembranças.

Quando sofro, ainda acendo uma vela e olho para uma foto dela, que me acompanha soprando uma esperança. Quando estou contente, passo, dou uma piscadinha e ele me devolve, também feliz com meu sorriso.

A impressão que fica é de um reencontro algum dia, onde aqueles olhos azuis voltarão a brilhar e aquelas mãos acolhedoras, continuarão a a alimentar.

A respiração talvez esteja menos ofegante, ao contrário do passo, em direção ao outro, mais rápido que nunca, como sempre foi e sempre será!

A voz interior talvez seja mais ouvida diante do silêncio que abriga aquele coração ENORME e o bem querer talvez se volte um pouco mais pra si.

Um carinho, um mimo, uma tarde só sua, uma alma mais leve e livre. 

Livre do conflito e da ansiedade, que de tão intensos, não deixavam aquele coração pulsar mais calmamente.

Um desapego emocional que não chegou pois não foi aprendido.

Um abraço mais apertado que não aconteceu pois nunca lhe foi ensinado.

Em troca de tudo, muitas preces, muitos joelhos dobrados, muitos pedidos e muitos agradecimentos.

Um exemplo, apesar de tudo!

Minha admiração e meu amor eterno, ansiosa por aquele reencontro só nosso, regado a chá de camomila e cuque de uva ou banana, sempre ao gosto do freguês! 

Saudades! Do cuque e das suas gargalhadas! 

♥  ♥  ♥ 



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