Acendo uma vela, um incenso, coloco um CD indicado para
meditação e mais uma vez, tento esvaziar a mente, uma tarefa quase impossível
diante de tanta poluição sonora que vem de todo lado.
Sentada na posição de lótus, me inspiro nessa resiliente flor e inspiro, inflando o abdômem e expirando, esvaziando-o, pelo menos ele...
Faço minhas orações e uma delas me passa o seguinte recado: “o medo deve estar ausente, sobretudo o do desconhecido e o de abandonar coisas do passado”, caindo como uma luva nesse momento de incertezas.
A noite foi acompanhada de choro e lamento, e o dia de ontem reservou surpresa e indignação para um e decepção para outro e no meio de ambos, a difícil missão de decidir, torcendo pelo melhor, mas totalmente apavorada diante desse desconhecido.
A angústia me acompanhou durante o dia todo e como há tempos não sentia, meu coração se encontrou apertado, indeciso, inseguro e na busca da serenidade, recitei por vezes a oração que me ensina a aceitar o que eu não posso mudar, me incentiva a buscar coragem para modificar aquelas que posso e me chama a sabedoria para que me ajudar a diferenciar as duas coisas.
Dois! O que era um, numa matemática bem simples, virou dois, e no último momento, resolvi considerar a fragilidade do meu café sem leite e decidi manter a cumplicidade e a companhia da “minha” caramelo.
Infelizmente não aconteceu como eu gostaria, pois a gente sempre busca soluções sem machucar o outro lado, mas diante do contexto que envolve tantas coisas que não cabem aqui no momento, e face à falta de diálogo e comunicação, não encontrei outro caminho senão o agir, o fazer e o acontecer e a poluição sonora mencionada no início, só fez aumentar.
Carros aflitos, ônibus nervosos, motos rebeldes, bares gritantes, boêmios exaltados e gatos inconvenientes e ousados ganharam mais voz junto a choros, lamentos, estranheza, medo e carência... um, feito criança que pede colo, cujo leite alimenta mas vem em forma de incômodo e se materializa em cólica, e outra, feito uma idosa, que tirada do seu ninho, estranha a nova palha e também não descansa, e todos acabamos exaustos.
Como se já não estivesse difícil o suficiente, lágrimas também vem do céu, lembrando que a parte coberta é minúscula, claustrofóbica e assusta sem querer ser o monstro que se apresenta.
Os gatos da casa da esquerda também foram afetados e tiveram o terreno limitado; os pedestres encontram companhia nos latidos de proteção cada vez que passam em frente ao portão e a vizinha da direita, finalmente tem motivos concretos para reclamar, lembrando aquela velha frase que lembra que “eu era feliz e não sabia” ou, “nada é tão ruim que não possa piorar”...
Bem-vindos meus queridos de quatro patas! Que possamos vencer esses obstáculos juntos, e também juntos, possamos ajudar na cicatrização das feridas que ainda por um bom tempo ficarão abertas.
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