Há quem diga que crianças aprendem as coisas com mais facilidade.
Talvez.
Mas penso, que quando pequenos nossa dispersão e até a falta de interesse também são grandes.
Perdi minha avó paterna muito cedo e convivi muito pouco com minha avó Rosa.
Não tivemos tempo de falar sobre costura, tricô ou crochê e cresci sem contato com esses afazeres, pois havia outras assuntos mais urgentes.
Lembro que no colégio onde passei meus primeiros oito anos de estudos, aproveitei algumas aulas extra curriculares e gostava bastante; me faziam esquecer a dureza daquela época.
As aulas de Artes sempre tiveram um lugarzinho especial no meu coração, e depois as matérias de Português, Inglês e Educação Física se fizeram favoritas.
O tempo passou, e apesar desse amor pelas artes ter ficado adormecido, ele não diminuiu. Pelo contrário, CRESCEU!
No meu período pós-cirúrgico (e olha que os 56 pontos foram na coluna), encontrei conforto e conexão no bordado livre e criativo; processo intuitivo que alimenta a minha alma.
Em meio a fios, linhas, lãs, agulhas e tesoura, esqueço as dores, as mazelas, as sequelas e me conecto com a minha essência, onde só existe fluidez, cores,
idas e vindas.
Minha infância e adolescência não foram permeadas por esses trabalhos manuais geralmente passados pelas avós ou mesmo mães, mas, como diz o ditado (ou quase), ANTES TARDE DO QUE MAIS TARDE!
No domingo vi uma matéria sobre uma senhora de 85 anos que faz rapel e sonha comemorar os seus 86 no Grand Canyon!!!
A escritora Cora Coralina teve seu primeiro livro publicado aos 76 anos!!!
E eu, aos 58, ainda converso com a agulha de crochê. Deixei de brigar com ela e entendi que os fios não tem nada a ver com isso...
Ela me indica um caminho e às vezes eu sigo outro, mas ambos me levam a algum lugar.
Admiro que tem paciência com tutoriais, interpretação de manual de instrução e leitura de bula de remédio.
Mas no meu caso, nem os bolos seguem receitas e já foi-se o tempo em que eu buscava a perfeição.
Hoje, estou mais focada no processo e o resultado traz sempre uma surpresa.
Boa!
Muito boa!
P.s.: Crocheteiras de plantão, não se assustem! Estou feliz com os meus "emaranhados" e tenho me divertido com a produção de bolsinhas de mentira...ou seriam de verdade?
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