sábado, 29 de abril de 2017

Adormecidas lembranças





É brasileiro. Nunca sequer pisou num avião que o pudesse levar para terras estrangeiras.

De hábitos simples, um pouco grotescos, teve uma infância dura, ausente de carinho, compreensão e a acolhida que toda criança precisa.

Cresceu dentro dessa rigidez, mas de uns tempos pra cá vem aprendendo a estender a mão, abri o coração, abraçar, beijar, ser carinhoso e se despedir com um "Deus te abençoe".

Com alguns ainda não é polido e a contraditoriamente, uma aproximação maior acaba por afastar manifestações mais amorosas.

Apesar de ter se criado "nos mato", vindo pra cidade acabou adquirindo alguns hábitos que a própria carreira militar teve a missão de lhe ensinar.

Banho tomado, barba feita, cabelo cortado, roupa passada, sapato lustrado e de quebra, uma água de colônia, sempre fizeram parte de seus passeios.

Antes um capacete de bombeiro. Depois um kepe para eventos mais importantes no quartel e agora, um chapéu. Um não! Dois! Um de palhinha para o verão e outro mais sofisticado, com forro e tudo, para o inverno.

Descendente de bugres e índios, mas carrega consigo um gosto europeu. 

E assim, apesar de perfis tão diferentes, nos aproximamos pelo simples fato de talvez voltar a um passado bem distante, onde este acessório aqui tão pouco usado, ainda faz parte de remotas e quase perdidas lembranças. 

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