sexta-feira, 7 de abril de 2017

Ser fixo ou ser móvel, eis a questão!










Nasci na época da máquina de escrever. Tive a oportunidade de fazer um curso de datilografia, também em máquina elétrica. Um luxo só! 

Não nasci sendo amamentada enquanto minha mãe verificava as novidades do Facebook, Instagram ou Twitter.

Vivo, há pouco tempo as modernidades dessas redes sociais e de um whatsApp, apesar de ainda não contar com a tal da "uaifai" em todos os cantos por onde ando.

Meu fogão, geladeira e televisão já fizeram mais de 15 anos e a comemoração do baile de debutantes acontece sempre que cozinham minha comida, conservam meus alimentos ou me dão o prazer de parar por duas horas para assistir um bom filme, abraçada a uma bacia de pipoca.

Minha TV, coitada, como diriam muitos, ainda de tubo, ocupa um certo espaço, mas ainda se comporta bem num velho e saudoso rack, também para muitos, uma antiguidade.

Hoje em dia, a TV, magrinha, cultuando a beleza imposta pela mídia e pela sociedade em geral, subiu, assim como a exigência a respostas e contatos imediatos. Está suspensa, mas ainda presa à moda, que diz que ela fica mais linda e funcional ainda, se colocada sobre uma base de madeira, que combinada com o resto dos móveis, garantem uma comissão ainda mais gordinha para o vendedor.

Sou antiga e admito! 

Adoro coisas retrô. Amo piso em taco. De brechó sou fã. Pra mim, quando mais antiquado, melhor, afinal de contas, como já diz o também velho ditado "o bonito está nos olhos de quem vê".

E agora falando sobre telefone. Minha família só contou um aparelho fixo, anos depois da maioria das casas se beneficiarem com essa regalia. Orelhão, ficha telefônica, é tudo da minha época, quando ainda eram menos nojentos, mais conservados e não serviam de mural para anúncios de serviços pornôs.

Sou prolixa e assumo!

E-mail pra mim nunca foi e nunca será para poucas palavras. Saudades das cartas que ainda escrevo. Elas sim! Ilimitadas, libertárias, exclusivas e criativas, onde interajo com o meu leitor da melhor maneira possível.

Mas o tempo passa meu amigo e essas gostosuras da vida também perdem a vitalidade.

E aí chega o celular. Você demora a adquirir um, mas acaba se rendendo, do contrário, só vai "conversar" se estiver em casa e o cidadão tiver a disposição de memorizar o seu número e lhe discar.

Você liga, recebe ligações e manda torpedos e está tudo bem. Só que não!

Eis que chega algo de nome internacional, popularizado por ZAP, afinal de contas, brasileiro é ótimo para adaptações. 

Você resiste, mas aí vem uma prestativa colega de trabalho pronta a lhe "atualizar" e se oferece para instalar o aplicativo. 

Bingo!!! Agora você é uma pessoa NORMAL !!!!

Mas o tempo passa e de vez em quando ele é cruel pois ele não lhe informa que essa alegria é momentânea e passageira. Na verdade, tem o tamanho de 365 dias e nem mais um segundo.

Então você tenta atualizar algo que já está obsoleto - adoro essa palavra! Abrindo um parênteses (no meu dicionário secreto, só perde para a palavra E S P E T Á C U L O)... fechando o parêntesis. E ele diz que para isso você continua sem memória! Meu pobre celular com Alzheimer!

Então você tenta enganá-lo. Desliga. Liga. Apaga todas as fotos com belos momentos registrados; exclui todos os vídeos e mensagens carinhosamente recebidas e espera que com isso, o ZAP volte a funcionar... afinal de contas, já amanheceu, mas você ainda não visualizou os BOA NOITE de ontem , as fotos da semana passada e os vídeos de quinze dias atrás. E nada!!!

Você excluiu TUDO o que tinha e a tela do seu ultrapassado celular grita em alto e em bom tom que você não tem espaço suficiente para efetuar o procedimento.

Sem memória e sem espaço! Estou ferrada!

Então você senta, chora e grita? Calma, não precisa tanto desespero. 

Com apenas um CLICK você adquire rapidinho um novo, atual e ainda mais bonito - tem até dourado - com mais memória e assim fica mais "próximo dos amigos", alimentando uma comunicação cada vez mais virtual, mais preguiçosa e mais comodista.

E o celular antigo fica onde? Numa gaveta? Talvez, ou então você o repassa para o seu irmão, que FELIZMENTE nem sabe o que é whatsApp e não vai sofrer com toda essa comunicação, ou melhor, com a falta dela.






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