quinta-feira, 31 de março de 2011

O BAÚ MÁGICO


No meio de um grande bosque, numa casinha branca, humilde, mas aconchegante, morava uma linda e serelepe boneca de pano chamadaVerônica, que adorava dar vida aos objetos inanimados.
Seu quarto era povoado de coisas e coisinhas, e num cantinho especial ela mantinha uma grande caixa de brinquedos que chamava de baú mágico, que a transportava a um mundo cheio de emoção, mistério, surpresas e fantasias.

Ali guardava objetos que ela ganhava, comprava ou achava, e havia ainda, aqueles que como ímãs eram misteriosamente atraídos para dentro da caixa, e dessa forma ela nunca sabia o que iria encontrar , o que aumentava ainda mais a sua ansiedade.

Um certo dia, Verônica recebeu a visita de sua prima Sabina, uma linda e doce fadinha, que adorava colaborar com as estórias que eram vividas pelos os personagens do baú mágico, quase sempre com a ajuda de sua varinha de condão.

Quando escurecia, e todos se recolhiam para mais uma noite de sono e de sonhos, Verônica e Sabina não escondiam a ansiedade que se aproximava, junto com a curiosidade de conhecer os novos amiguinhos, e quando o silêncio da floresta era quebrado apenas pelo “cri cri” dos grilos falantes, elas mergulhavam em mais uma aventura.

Ao abrir vagarosamente o baú, foram logo recepcionadas pelo olhar observador de uma coruja lilás, que de tão pequena, cabia na palma da mão.
- Nossa, que surpresa boa! Será que Joana, a coruja filósofa veio nos visitar? Perguntou Verônica.

- Joana? Não!!! Sou sua prima, e como ela, amo os livros, mas ao invés de filosofia, sou professora de literatura, e amo poesia. Em homenagem à minha cor, me chamo Violeta.
Professora de profissão e poetisa de coração...

- Que interessante! exclamou Sabina. Então a Joana tem uma prima colorida, que fala quando rima ...

- Isso é o máximo, indagou Verônica, que adorava declamar seus poemas de escola.
E por aí seguiram, ora conversando, ora filosofando, ora declamando, e sentiram que tinham muito a aprender com a professora Violeta.

Enquanto isso, perceberam que alguém se mexia dentro do baú, e pchiiiiiiiiiiiiii... silêncio! Não queremos assustar nosso novo personagem, disse baixinho Verônica...
- O quê? Um pêndulo de madeira? Gritou Verônica. Que legal! Adoro essas coisas místicas e alternativas....

- Como vai Seu Pêndulo, tudo bem como o senhor? arriscou Sabina.

- Olá meninas! Salve, salve! Bom falar com alguém e deixe-me espreguiçar um pouco pois lá dentro estava pra lá de apertado... Já não agüentava mais ficar sendo amassado e quase sem ar nessa caixa, no meio de tanta bagunça...
Bagunça? Credo Seu Pêndulo, eu imaginava o senhor um pouco mais zen... Quanto stress para alguém ligado à harmonização dos chackras, não? Afinal de contas não é essa a sua profissão?

- E r a , milha filha, era..... isso muito antes de uma bruxa malvada e invejosa me lançar uma maldição e eu perder os meus poderes, além de ter ficado rabugento, como vocês puderam perceber...

- Nossa, que catástrofe! Manifestou-se Verônica... mas será que haveria algo que pudéssemos fazer para ajudar?

- Não seja boba, menina! Você não passa de uma boneca de pano... Mas espera aí... a sua amiguinha parece uma...

- F-A-D-A ! Isso mesmo, Seu Pêndulo, minha prima Sabina é uma fadinha muito especial e quando achamos que vale a pena, a sua varinha de condão entra em ação, fazendo verdadeiros milagres...

- Poxa vida! Que legal! Desculpem o mau-humor meninas, mas acreditem, esse não é o meu verdadeiro eu.... Eu costumava ser um pêndulo tão leve espiritualmente, tão puro e tão harmonioso, que só pensava em fazer o bem para as pessoas, equilibrando os seus chackras e fazendo delas seres humanos muito mais felizes... vocês acreditam em mim, não acreditam?
E Verônica olhou para Sabina, que trocou olhares com Verônica, e numa única voz, gritaram:
- Acreditamos !!! E Vamos devolver a você os teus benéficos poderes, ok?

- Agora, feche os olhos, relaxe e se concentre, disse a fada Sabina.

“ Pirlimpimpim
Varinha de Condão
Devolve a nosso amigo
Seus poderes de montão
Pra que ele possa novamente
harmonizar de coração!
TUFFFF !!!
E o Seu Pêndulo foi ficando tonto, tonto, e de repente, como que de um despertar profundo, acordava outro pêndulo, e agradecido, desapareceu floresta adentro, em busca de alguém que precisasse de sua ajuda.

Despedidas terminadas, voltaram-se novamente ao baú, e ao mexer e remexer nos vários objetos que lá dentro se encontravam, perceberam que lá no fundo, havia como que uma luz vindo de uma estrela prata, que apesar do brilho, transmitia muita tristeza no olhar.
- Boa noite Dona Estrela, disse Verônica meio preocupada em estar incomodando a triste estrela.
- Boa noite, disse ela baixinho, ainda meio tímida.
- Não tenha medo, foi logo dizendo Sabina. Estamos aqui para ouvir a sua estória, e para ajudá-la, se assim minha varinha permitir.
- Varinha de condão? Daquelas que tem poder de realizar nossos desejos? E seus olhinhos foram tendo outro brilho....
- Isso mesmo! Será que vamos poder te ajudar de alguma maneira?
- Espero que sim, disse a estrelinha. Estou assim, triste e deprimida desde aquela noite de lua cheia em que eu estava brincando com minhas irmãs, e de repente veio o Cruzeiro do Sul, aquela estrela gigante que de vez em quando tem uma queda pela Terra e me arrastou com ele.... ele pensou que era a sua sobrinha, a Estrela Azul, Blue Star em inglês.... Quando soube do engano já era tarde demais e não pôde fazer uma viagem de volta. Desde então eu peço à Lua que me mande um socorro para que eu possa voltar pra minha família... Será que essa ajuda chegou? Será que voltarei a brilhar no negro do céu juntamente com minhas irmãs e amiguinhas?
- Se é isso que te faz feliz, Estrela Maria, é isso o que você vai ter. Ainda nessa noite você estará brilhando no seu planeta, ao lado daqueles que você ama...
 

E assim se fez. A varinha de condão de Sabina mais uma vez entrou em ação, e novamente realizou mais um sonho adormecido.
“Pirlimpimpim,
Varinha de condão
Ajuda nossa amiguinha
A ter de novo brilho no olhar
Leva nossa estrelinha
Pro aconchego do seu lar.
TUFFF !!! “

E lá se foi, alegre e contente a nossa estrelinha brilhante...

O relógio avançava, e com ele o sono de Verônica e Sabina e dentre bocejos e mais bocejos, despediram-se da coruja Violeta, que voltou para a caixa de brinquedos, dizendo que tinha muitos ainda a alfabetizar com sua poesia, pensaram carinhosamente no Seu Pêndulo, que longe dali já estava.

Antes de se recolherem, ergueram os olhos para o céu, que estava mais negro do que nunca, e no meio de tantas luzes e brilhos, um deles se destacava, era a Estrela Maria acenando feliz da vida, ao lado de suas irmãs... e com essas imagens nos pensamentos, Verônica e sua prima fadinha adormeceram, já sonhando com as estórias que ainda estavam por vir... no dia seguinte teria mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário