Quinta-feira à noite.
Aniversário de uma amiga que completa 51 anos de boas ideias, e eis que tomo
conhecimento de uma, das GRANDES!
Relata que sua
carreira é recente e iniciou em 2010, fotografando aniversários de 15 anos,
casamentos e bodas. De repente, decidiu que queria fazer foto documental.
Encaminhou mais de 30 currículos e recebeu apenas uma resposta, destino Afeganistão, ao qual não pode dizer não.
Embarcou no final de
março e passou 26 dias em Cabul.
Ao chegar no
aeroporto, ficou sabendo que queriam explodir o avião em que estava, recheado
de sul-coreanos. Ao pegar o que chamavam de “ônibus”, para chegar ao saguão do aeroporto, percebeu
que o veículo não tinha porta e estava completamente alvejado... foi aí que
rezou para pelo menos chegar ao hotel.
Conseguiu pegar um
táxi (todos são Corolas brancos, da Toyota) e ao chegar no hotel onde tinha reserva,
simplesmente não pode se hospedar pois o local havia sido bombardeado.
Seguiu então para outro Hotel, onde pôde se sentir um pouco mais seguro, se é que isso seria
possível.
Precisava sair às
ruas para fotografar e logo nos primeiros dias já foi preso, numa detenção que
durou 5 horas e 15 minutos. Quinze
minutos de reclusão e 5 horas de muito chá como os policiais. Dizendo que era
do Brasil e tentando se comunicar com seu bad English, acabou por fazer amigos,
ganhando, inclusive, uma roupa típica da região, vestimenta essa que o
acompanhou pelos 22 dias restantes de sua aventura.
Fez muitas fotos e
por trás de cada uma há uma história a contar.
A que muito me
impressionou, foi a do senhorzinho que “batia o tapete” para que o visitante
pudesse entrar. Em volta de um cercadinho de pedras, com os chinelos/sapatos na
entrada, usou o restinho de água que possuía para lavar as mãos e poder
cumprimentar aquele que só queria autorização para tirar uma foto.
Detalhe, ali
era sua casa e estava sendo hospitaleiro ao oferecer ao visitante sua última
xícara de chá. Uma generosidade que
comove.
Crianças saindo da
escola, felizes apesar de tudo, mulheres cobertas, mas sem esconder uma vaidade
ainda oculta, homens procurando emprego, animais dividindo lixão com crianças
famintas, ruínas, pobreza, lágrimas, indignação.
Tudo registrado de uma forma bastante peculiar, num olhar que vai além da câmera fotográfica, chega no coração!
P.S. Dedico esse texto ao meu irmão, que não mora no Afeganistão, mas fez morada do outro lado do oceano e cuja semelhança física com o protagonista dessa história é gritante e fez meu coração doer de saudade...
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