sexta-feira, 12 de maio de 2017

Vontade de gentileza


Ontem pela manhã vim de ônibus para o trabalho pois já estava em cima da hora, e no ponto, encontrei uma senhora que já esperava o busão que não vinha.

Impaciente, me perguntou se eu sabia o horário e a tranquilizei dizendo que logo passaria um.

Puxou conversa perguntando se iria chover, e eu disse que anunciaram garoa e baixa temperatura, quanto comentei que na semana que vem teríamos dias mais quentes novamente.

Disse-me, então, que era carioca, mas que já morava há 48 anos aqui e que gostava do clima.

Segundo ela, impossível aguentar um calor frequente como o do Rio ou um frio constante como o do sul, mas quando vai mudando, nos presenteia com várias estações, podendo-se variar roupas, passeios, sucos e sopas, e ela gosta.

Vindo o ônibus, sentei-me ao seu lado e conversamos mais um pouco, mas logo ela desceu.
Ia ao supermercado. Tinha labirintite e me falou que já chegou a cair, quebrando uma vez o pulso e em outra vez dois dentes da frente. Perguntei se ela tomava remédio, mas me disse que pouco adiantava.

Cabelo preto envolto por uma toca. Saia longa. Mãos e unhas bonitas e no dedo indicador um enorme anel preto em forma de folhas.

Dei "tchau" com desejo de "até breve" e ela pediu ao motorista que tivesse paciência enquanto descia. Insegura e vagarosamente, foi às compras, com certeza pedindo a Deus que não passasse mal e não fosse ao chão.  

Me despedi da cena com gostinho de quero mais e por um momento me deu vontade de conhecê-la melhor, ter o seu telefone, saber onde mora, poder ajudar de vez em quando ou simplesmente fazer um bolo de laranja e levar para tomar chá com ela.

Mais uma vez a maturidade no meu caminho me fazendo refletir sobre a efêmera passagem por essa vida.

E diante de tontas e tonturas, confirmo um post meu hoje cedo, no Facebook, lembrando que "A GENTILEZA É O JEITO MAIS BONITO DE SER SOL NO DIA NUBLADO DE ALGUÉM!"  

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