Costumo
brincar que Matelândia fica próxima à Disneilândia. E Ramilândia, então? Nunca
tinha ouvido falar desses lugares até conhecer minha amiga.
Vivíamos
o final da década de 80 e ela foi fazer estágio na empresa em que eu
trabalhava. Fazia a faculdade de Psicologia e acabou se decepcionando com suas
atividades que incluíam preencher algumas fichinhas na hoje obsoleta máquina de
escrever. Motivo: Tinha fugido das aulas de datilografia e simplesmente
desconhecia as teclas de tal instrumento de trabalho.
a s d
f g .................... h
j k l ç
O
tal estágio durou apenas 3 meses, mas nossa amizade foi vivida intensamente.
Eu
adorava sua capa preta batendo no tornozelo, sua saia amarela igualmente longa,
seu coturno preto com cadarços amarelos e enfeitando seus cabelos longos e
loiros, um laço, adivinhem que cor?
Falando
em capa preta, eu também tinha uma e a guardo até hoje, talvez à espera de um
convite para uma festa à fantasia.
O
tempo passou, ela se tornou psicóloga sem mesmo concluir o curso de
datilografia e logo conseguiu um emprego numa empresa de alimentação industrial
onde trabalhou por uma dúzia de anos.
Namorei,
terminei, e por um tempo ela chegou a alugar um quarto no apartamento desse meu
ex-namorado. Até isso compartilhamos, sem ciúme algum!
Em
96 resolvi me aventurar por terras estrangeiras e ela ficou aqui, como sempre,
torcendo por mim.
Quando
retornei, quase três anos depois, a
encontrei trabalhando no departamento de Recursos Humanos de uma multinacional.
Imaginem se ela não me ajudou na contratação... gratidão!
Eu,
na verdade, me imaginava mais forte, mais tolerante e menos espontânea e
transparente, características essas que não casam muito bem como o capitalismo
selvagem que invade os corredores de uma indústria automobilística, e permaneci
nesse meio por apenas 5 anos. Digo “apenas” pois minha amiga permanece lá até
hoje, num total de 14 anos.
Ela,
pisciana, eu escorpiana. Pensem em opostos e multipliquem por 10.... mas nos
completamos e nos respeitamos... talvez por termos o mesmo ascendente em
aquário.
Crescemos,
amaduremos, envelhecemos e lá se vão quase 3 décadas de amizade,
companheirismo, cumplicidade, transparência, verdade, espontaneidade.
Adora
água, é viciada em sol e idolatra a natureza.
Vegetariana, é incapaz de matar uma
formiga, arrancar uma flor e na nossa última viagem à praia, simplesmente
devolveu uma água-viva ao mar, que se debatia na areia em busca de ar...
Como não admirar uma pessoa assim?
Ano passado realizou o sonho de
comprar um terreno na praia de Santa Catarina. O projeto ainda não saiu do
papel, mas a expectativa de construir uma casinha dentre as árvores já é G R A
N D E.
Aposentaria, terceira idade e
amizade eterna diante do mar!
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