segunda-feira, 14 de abril de 2014

Admiração









Costumo brincar que Matelândia fica próxima à Disneilândia. E Ramilândia, então? Nunca tinha ouvido falar desses lugares até conhecer minha amiga.

Vivíamos o final da década de 80 e ela foi fazer estágio na empresa em que eu trabalhava. Fazia a faculdade de Psicologia e acabou se decepcionando com suas atividades que incluíam preencher algumas fichinhas na hoje obsoleta máquina de escrever. Motivo: Tinha fugido das aulas de datilografia e simplesmente desconhecia as teclas de tal instrumento de trabalho.

        a          s          d          f           g      ....................     h             j               k             l          ç
           
O tal estágio durou apenas 3 meses, mas nossa amizade foi vivida intensamente.

Eu adorava sua capa preta batendo no tornozelo, sua saia amarela igualmente longa, seu coturno preto com cadarços amarelos e enfeitando seus cabelos longos e loiros, um laço,  adivinhem que cor?

Falando em capa preta, eu também tinha uma e a guardo até hoje, talvez à espera de um convite para uma festa à fantasia.

O tempo passou, ela se tornou psicóloga sem mesmo concluir o curso de datilografia e logo conseguiu um emprego numa empresa de alimentação industrial onde trabalhou por uma dúzia de anos.

Namorei, terminei, e por um tempo ela chegou a alugar um quarto no apartamento desse meu ex-namorado. Até isso compartilhamos, sem ciúme algum!

Em 96 resolvi me aventurar por terras estrangeiras e ela ficou aqui, como sempre, torcendo por mim.

Quando retornei, quase três  anos depois, a encontrei trabalhando no departamento de Recursos Humanos de uma multinacional. Imaginem se ela não me ajudou na contratação... gratidão!

Eu, na verdade, me imaginava mais forte, mais tolerante e menos espontânea e transparente, características essas que não casam muito bem como o capitalismo selvagem que invade os corredores de uma indústria automobilística, e permaneci nesse meio por apenas 5 anos. Digo “apenas” pois minha amiga permanece lá até hoje, num total de 14 anos.

Ela, pisciana, eu escorpiana. Pensem em opostos e multipliquem por 10.... mas nos completamos e nos respeitamos... talvez por termos o mesmo ascendente em aquário.

Crescemos, amaduremos, envelhecemos e lá se vão quase 3 décadas de amizade, companheirismo, cumplicidade, transparência, verdade, espontaneidade.

Adora água, é viciada em sol e idolatra a natureza.
     
     Vegetariana, é incapaz de matar uma formiga, arrancar uma flor e na nossa última viagem à praia, simplesmente devolveu uma água-viva ao mar, que se debatia na areia em busca de ar...
        
       Como não admirar uma pessoa assim?
            
      Ano passado realizou o sonho de comprar um terreno na praia de Santa Catarina. O projeto ainda não saiu do papel, mas a expectativa de construir uma casinha dentre as árvores já é G R A N D E.

       
       Aposentaria, terceira idade e amizade eterna diante do mar!

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