Numa conversa informal, descobri que posso morrer
dormindo.
Para muitos, talvez seja o ideal, morte tranquila, sem
sofrimento... será?
Se o coração para de bater é por falta de oxigênio, e
se falta oxigênio, falta ar e faltando ar, a pessoa morre sufocada.
Não sei se comigo daria muito certo e pensando nisso, lembro
que detesto me afogar. Bate à porta um desespero e um desconforto ENORMES. Não
estou falando de mar ou piscina, mas daquela garfada que seguiu caminho errado
ou daquele gole que se perdeu na curva.
Ergo os braços, levanto da cadeira, procuro equilibrar
a respiração, e no final, os olhos sempre acabam aguados.
Morrer dormindo é praticamente um crime! Liquida com
nossos fantasmas e pesadelos, mas também extermina nossos sonhos.
Um encontro sem despedida.
Uma despedida sem aquele abraço apertado que sussurra baixinho
“até amanhã”.
Um amanhã que não existirá, pelo menos da forma
corriqueira como o conhecemos.
O despertador vai adorar! Não precisará cair da cama às seis horas da
manhã.
A roupa a ser escolhida para o trabalho permanecerá
descansando no cabide, às escuras, e o ferro de passar lhe fará companhia nesse
ócio.
O iogurte de morango não sairá da geladeira e não
encontrará a amiga granola para aquele bate-papo matinal.
A televisão permanecerá muda, mas mesmo assim a moça
do tempo anunciará,inutilmente, que hoje à tarde chove.
A sombrinha de cano longo, preta com bolinhas brancas
terá folga hoje, amanhã e depois...
O ônibus das oito da manhã não será mais o mesmo e
aquele privilegiado assento ao lado da janela que levava o vento pra passear,
permanecerá vazio, aguardando a moça que vestia colorido, e ora lia, ora
escrevia, ignorando o enjoo que às vezes corria à revelia.
O pequeno escritório de seis pessoas ficará com um
volante a menos, e uma substituição será necessária. Insubstituível? Talvez
não, mas difícil será encontrar alguém que vista a camisa e realmente se
comprometa como o time, esteja esse vencendo ou perdendo.
E por falar nisso, a COPA ficará sem uma torcedora
verde e amarelo. Estarei ocupada, colorindo o azul do céu com todas as cores
possíveis e imaginárias, preparando cartões celestiais a serem encaminhamos
pelo facebook dos que já partiram... dessa pra melhor!
E ainda tem gente que morre de medo da morte...
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