segunda-feira, 14 de abril de 2014

Levando o vento pra passear






Numa conversa informal, descobri que posso morrer dormindo.

Para muitos, talvez seja o ideal, morte tranquila, sem sofrimento... será?

Se o coração para de bater é por falta de oxigênio, e se falta oxigênio, falta ar e faltando ar, a pessoa morre sufocada.

Não sei se comigo daria muito certo e pensando nisso, lembro que detesto me afogar. Bate à porta um desespero e um desconforto ENORMES. Não estou falando de mar ou piscina, mas daquela garfada que seguiu caminho errado ou daquele gole que se perdeu na curva.

Ergo os braços, levanto da cadeira, procuro equilibrar a respiração, e no final, os olhos sempre acabam aguados.

Morrer dormindo é praticamente um crime! Liquida com nossos fantasmas e pesadelos, mas também extermina nossos sonhos.

Um encontro sem despedida.

Uma despedida sem aquele abraço apertado que sussurra baixinho “até amanhã”.

Um amanhã que não existirá, pelo menos da forma corriqueira como o conhecemos.

O despertador vai adorar!  Não precisará cair da cama às seis horas da manhã.

A roupa a ser escolhida para o trabalho permanecerá descansando no cabide, às escuras, e o ferro de passar lhe fará companhia nesse ócio.

O iogurte de morango não sairá da geladeira e não encontrará a amiga granola para aquele bate-papo matinal.

A televisão permanecerá muda, mas mesmo assim a moça do tempo anunciará,inutilmente, que hoje à tarde chove.

A sombrinha de cano longo, preta com bolinhas brancas terá folga hoje, amanhã e depois...

O ônibus das oito da manhã não será mais o mesmo e aquele privilegiado assento ao lado da janela que levava o vento pra passear, permanecerá vazio, aguardando a moça que vestia colorido, e ora lia, ora escrevia, ignorando o enjoo que às vezes corria à revelia.

O pequeno escritório de seis pessoas ficará com um volante a menos, e uma substituição será necessária. Insubstituível? Talvez não, mas difícil será encontrar alguém que vista a camisa e realmente se comprometa como o time, esteja esse vencendo ou perdendo.

E por falar nisso, a COPA ficará sem uma torcedora verde e amarelo. Estarei ocupada, colorindo o azul do céu com todas as cores possíveis e imaginárias, preparando cartões celestiais a serem encaminhamos pelo facebook dos que já partiram... dessa pra melhor!


E ainda tem gente que morre de medo da morte...

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