segunda-feira, 10 de junho de 2019

Bad news






Acho que nunca vou esquecer a data de 21/11/2018 e a consulta com o ortopedista que mudou a minha vida do dia pra noite.

Um primeiro diagnóstico que botou no chinelo dores nas costas, pilates, fisioterapia, sedentarismo, músculos nunca antes trabalhados, sobrepeso, e um final de tarde que levou pra casa duas palavras-chave: paraplegia e metástase, ainda sem entender o que tudo aquilo significava.

Na verdade, subestimei uma imagem em preto e branco, que tinha tanto a revelar.

Além do câncer e do fato dele ter migrado para os ossos de minha coluna, a possibilidade de eu ficar sem o movimento das minhas pernas. Muita coisa para assimilar em 40 minutos de uma consulta médica. Muita coisa para assimilar desde então. 

Primeiro você se protege, desliga o botão, acha que não é com você, que aquilo não está acontecendo. Talvez a fase que chamam de negação. Depois a neurose de dormir e acordar na companhias daquelas palavras que resumiram meu encontro com o Dr. J.C.M depois de 3 anos, quanto a simpatia nasceu diante daquele profissional que olhava nos olhos e mansamente conversava sobre qualquer assunto, independente do quão atrasado estava com as demais consultas. Teve o meu respeito e admiração desde o início. Eu só não sabia que ele seria o porta-voz de uma notícia que ninguém espera receber, e ainda, repleta de detalhes e pormenores.

Apesar da gravidade da situação, acredito que se isso acontecesse em outra fase da minha vida, talvez fosse ainda mais devastador. Apesar dessa doença assustar de modo particular, mantive meu coração e minha mente serenos. E SERENIDADE tem sido a palavra, cada dia mais, junto da coragem de me manter forte, mostrando que estou disposta a lutar por essa coluna que sempre me manteve em pé e por essas pernas cujos músculos devem lembrar que muitas partidas de vôlei jogamos juntas.

Cirurgia marcada, um certo receio que fez antecipá-la e lá fui eu me internando uma semana antes.

Sem intercorrências, muita sopa, gelatina e chá mate morninho e acolhedor e apenas uma semana de hospital. Sucesso total e hora de ir pra casa. Ainda não para a minha, mas digamos que para a minha segunda casa.

Carinho, cuidado, banho acompanhado, remédios de madrugada e um apetite voraz, com um paladar pra lá de aguçado.

Retirada dos pontos e ainda a passinhos lentos, muita coisa a ser reaprendida.

Sono, muito sono e um amortecimento que de anormal, passou a minimizar minhas dores e desconfortos.

Mais exames, consultas e novidades, às vezes nem tão boas assim.

Sessões de radioterapia, náusea, vômito e diarreia, misturados ao carinho das técnicas que ali, não operavam somente uma máquina.

Mas, como diz meu atual "mantra", TUDO PASSA, e passou.

Apesar da falta de apetite, emagreci apenas 3 quilos e meio, e aos poucos, algumas vontades inusitadas foram aparecendo, como por exemplo, cenoura ralada com tomate e bastante vinagre de maçã, temaki e hamburger. 

Desejos realizados!

De repente, mais uma novidade médica: a sugestão de quimioterapia, via oral, com três medicamentos, mais um procedimento de cálcio injetável, uma vez por mês.

E seguimos juntos, pois já venci algumas batalhas, mas a guerra ainda não acabou.









Um comentário:

  1. Mas um dia esta guerra cai acabar. Como todas as guerras acabam. E virá a paz.

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