sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Nas nuvens



Nossa! Quanto tempo que não escrevo....
Às vezes ficamos esperando uma INSPIRAÇÃO que não vem, e quando menos esperamos, ela chega... junto com uma nostalgia, com um coração apertado, e de repente povoamos o papel com letrinhas que vão se transformando num sentimento, numa vontade, num desejo...
Já dizia o velho poeta Fernando Pessoa “navegar é preciso, viver não é preciso”..., mas eu mudaria um pouquinho dizendo que “VIAJAR  é preciso”... e diante da impossibilidade desse movimento, a alma se sente aprisionada, ou seria prisioneira?... talvez dela própria...
Viajar com certeza é uma das melhores coisas que se faz nessa vida e encher os olhos e o coração com novas e belas paisagens é único!
Nunca fui de desbravar muitos lugares, mas nos meus vinte e poucos anos confesso que me aventurava bem mais subindo a serra com garoa e tudo, levando tombos, indo pra Ilha de Mel em pleno feriado de Finados, com a meteorologia marcando chuva, quase despencando das caminhadas nas pedras, etc., etc.
A idade vai chegando e parece que se instala na gente algo que pende mais para o comodismo ou mesmo preguiça... Preguiça de separar a roupa, preguiça de fazer a mala, preguiça de encarar a correria de um aeroporto, hoje bem mais possível e prático... e de repente a preguiça dá lugar a um certo receio quando se entra naquela aeronave ao mesmo tempo tão potente e tão frágil, e aquele receio se transforma num certo medo, que não permite que você aproveite o vôo na sua totalidade...
Uma vez li algo que dizia que O MEDO PARALISA... e é realmente isso... com medo não vamos nem pra frente nem pra trás... com medo, não avançamos.
Ainda bem que tudo é muito rápido, e de repente você até esquece que está literalmente nas nuvens, e consegue relaxar quando a comissária de bordo te serve  o melhor guaraná que você já tomou na vida... e melhor ainda, se vem acompanhado de batatinha chips.... até a pressão arterial se normaliza, e o coração, antes disparado, serena...
Em pensar que já alcei altos voos que me levaram além do oceano, e diante disso constato que já fui mais corajosa, mais aventureira.... será que envelhecer significa deixar os velhos sonhos de lado? Será que a medida que o tempo passa, vamos nos envolvendo tanto com outras coisas que não é possível mais sonhar? Será que os sonhos só pertencem aos jovens?
Mais que isso, quero continuar meu caminho rumo à maturidade REALIZANDO SONHOS....e dentro desse contexto turístico, quando a idade avançar ainda mais, fazer parte de algo que hoje está bastante em voga, chamado intercâmbio para a terceira idade.... seria o máximo realizar algo que não se concretizou no auge dos 16 anos...

Falando em 16 anos, foi nessa idade que comecei a colocar minhas ideias e anseios no papel e percebi, aos poucos, o quanto quanto de escrever...   Ainda outro dia, lendo uma reportagem sobre o futuro do livro, desanimei um pouco ao perceber que a tecnologia tende a enterrá-lo, substituindo-o pelos atuais e modernos “áudio books” .... por falar em outro sonho adormecido, estaria o fato de dar à luz um livro, gestação essa sem tempo pré-determinado, que ora amadurece, ora fica estagnada...
Voltar a cruzar o oceano talvez ainda esteja no topo dessa lista que às vezes fica esquecida no fundo da gaveta... mais que empoeirada, não quero que ela fique amarelada e junto com ela, meus sonhos também mudem de cor...
Cores fazem parte da minha vida, sempre fizeram, pena que não é  todo lugar que dá autonomia ao arcoíris interior que carrego comigo, e um lamento maior ainda é o fato de que nem todos gostam desse festival todode cores.... mas tudo bem! O que seria o branco se não fosse o preto?
Tudo isso pra reforçar que VIAJAR É PRECISO, viver não é preciso...
Nas nuvens ou numa tela, BOA VIAGEM!

quarta-feira, 13 de julho de 2011

CDA

... mais um poquinho de Carlos Drummond de Andrade, num texto que acabei de receber via e-mail...

Aos organizados de plantão, e porque não, até neuróticos por limpeza de vez em quando, aproveito a dica para compartilhar...

Casa Arrumada
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)


Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras
e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.

Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

domingo, 26 de junho de 2011

INSPIRAÇÃO

Apesar de gostar de crianças e amar meus sobrinhos, nunca tive o desejo de ser mãe.

Costumo dizer que o filho que eu não tive está em constante gestação e um dia ainda darei à luz um LIVRO.



Dentre tantos textos e poesias que me servem de  inspiração pra isso estão algumas palavras do nosso querido
Carlos Drummond de Andrade:


"CERTA PALAVRA DORME NA SOMBRA DE UM LIVRO RARO.
COMO DESENCANTÁ-LA?
É A SENHA DA VIDA E A SENHA DO MUNDO.
VOU PROCURÁ-LA A VIDA INTEIRA NO MUNDO TODO.
SE TARDA O ENCONTRO, SE NÃO A ENCONRO,
NÃO DESANIMO, PROCURO SEMPRE.
PROCURO SEMPRE, E MINHA PROCURA FICARÁ SENDO MINHA PALAVRA".

A ARTE DE SER LEVE


Conforme comentei no texto anterior, um dos livros que mais me impressionou nos últimos meses foi A ARTE DE SER LEVE, da fantástica Leila Ferreira, e gostaria de continuar falando mais um pouco dele. Para isso escolhi um capítulo de vem muito de encontro aos meus valores, valores esses que estão cada vez mais deturpados no mundo de hoje.

O capítulo é intitulado DO BOM E DO MELHOR e transcrevo-o na íntegra no sentido de passar a mensagem completa...

"Não faz muito tempo, escrevi um texto sobre a obsessão atual com o melhor: hoje o bom não serve mais. Tem que ser o melhor - de tudo. O texto acabou circulando pela internet e eu recebi uma quantidade enorme de e-mails de quem se dizia cansado dessa busca incessante e, cá entre nós, sem sentido. Pois é. Descomplicar, na minha modestíssima opinião, passa por aí, por uma aposentadoria compulsória desse conceito de que "o melhor" é sempre melhor. Melhor para quem? Melhor por quê?

Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do melhor computador, do melhor carro, do melhor emprego, da melhor dieta, da melhor operadora de celular, dos melhores tênis, da melhor mulher, do melhor homem, do melhor vinho. Bom é pouco. O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros para trás e nos dintingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com "o melhor". Isso até que outro melhor apareça - e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer. Novas marcas surgem a todo instante. Novas possibilidades também. E o que era melhor de repente parece superado, modesto, aquém do que podemos ter.

Quando queremos apenas o melhor, passamos a viver aflitos, numa espécie de inquietação permanente, um eterno desassossego. Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar. Cada comercial de TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos. Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros, (ah, os outros!...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários. Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás - de preferência com o melhor par de tênis.

Não que se deva acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente. Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência? Se não gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é "o melhor cargo da empresa"? E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto? Ou o restaurante que tem "o melhor chef", mas cada vez que vou lá sinto saudade da comida de casa? Aquele xampu, usado durante anos, que precisa ser aposentado porque existe um importado "melhor" e dez vezes mais caro? E o cabelereiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado peo "melhor cabelereiro"?

Tenho pensando muito no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixado ansiosos e nos impedido de desfrutar o "bom" que já temos.

A casa que é pequena, mas nos acolhe. O emprego que não paga tão bem mas nos traz alegrias. O homem ou a mulher que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que o "homem perfeito" ou a "mulher perfeita". As férias que não vão ser na Europa, mas vão nos dar a chance de conviver um pouco mais com pessoas que amamos. O rosto que já não é jovem, mas guarda as marcas das histórias que nos constituem. O corpo qué já não é jovem, mas está vivo e sente prazer.

Será que a gente precisa mesmo de muito mais que isso? Ou sera que isso já é o melhor e, na busca do "melhor", a gente nem percebeu?"













sábado, 28 de maio de 2011

LEVEZA



Sou "antiga", daquele tempo em que professores de português enfiavam guela abaixo romances de José de Alencar em crianças de 10 anos de idade... e no fundo, me apoio nisso para justificar o fato de que não sou muito amante de grandes leituras, pelo menos não o suficiente que caracteriza os bons escritores.

Quando criança, posso dizer que o dinheiro da minha mãe era sempre contado... mas apesar disso, seria uma injustiça da minha parte alegar que a falta de leitura era em função disso, uma vez que desde pequena sempre frequentei a Biblioteca Pública, mas, acredite, para cursos de cerâmica, desencadeando aí a minha segunda paixão que é a ARTE.

Apesar de ter feito o curso de Letras, não posso dizer que sempre ocupo meu tempo livre na companhia de um livro, mas hoje isso já se faz mais presente do que décadas atrás.

Enquanto a maioria das mulheres é consumista compulsiva de roupas, bolsas e sapatos, posso dizer que minha "doença" compulsiva seria na área de LIVROS... se vou lê-los, é outra história, pois o auge da coisa está no prazer da compra... quem sofre disso sabe bem do que estou falando.

Mas nem tudo nesse contexto é negativo. Outro dia encontrei aquele livro biográfico da cantora Madonna por míseros R$9,90... e olha que se trata de um livro de 500 páginas, com direito a fotos coloridas e tudo.... preço original: R$49,90..... e dentro desse contexto, escapar dessas promoções fica quase impossível. 

O mesmo aconteceu com o biográfico da minha querida e inesquecível Princesa Diana, que permanece viva no meu coração.... e assim vou povoando minha estante.

O engraçado é que alguns fatos com que nos sintamos menos culpados por compulsividades como essa. Estive visitando duas amigas recentemente e ambas possuem estantes feitas sob medida que ocupam uma grande parede, de ponta a ponta.... por coincidência, ambas são sociólogas, talvez por isso a tamanha biblioteca.

Já no meu caso, os poucos livros gerados nas primeiras três décadas da minha vida já não me acompanham mais há anos, e da minha época de graduação então, praticamente nenhum.

Mas por que estou comentando tudo isso? Talvez para simplesmente dizer que hoje aconteceu algo inédito na minha breve vida de leitora assídua e frequente.

No início do ano, uma amgia que há anos trocou o Paraná por Minas Gerais, e hoje mora em Sete Lagoas, me indicou um livro que há meses venho saboreando, pedacinho por pedacinho, como aquela deliciosa barra de chocolate que não queremos que acabe.

"A ARTE DE SER LEVE", da jornalista Leila Ferreira, é simplesmente MARAVILHOSO!!!

Bem humorado, inteligente, e como não poderia deixar de ser, LEVE, creio que é um dos melhores livros que eu já li até hoje.

Como numa boa digestão, as palavras descem com facilidade e são ligeiramente digeridas, com nosso prato favorito, alimentando corpo e alma.

Mas ainda não contei o INÉDITO da coisa....

Após me acompanhar por semanas e mais semanas nos ônibus e na espera dos mesmos, foi com tristeza no coração que concluí as 252 páginas com gostinho de quero mais, e no mesmo dia comecei a releitura, tal como minha amiga que já o leu pela segunda vez... feito uma sobremesa que deu certo  e toda vez que há visita, você repete a receita, feliz por agradar e adoçar a vida de todos.



domingo, 1 de maio de 2011

HAPPY BIRTHDAY!!!

Ando meio sumida, mas não poderia deixar de dar uma passadinha só pra dizer PARABÉNS para o LINHAS E ENTRELINHAS... afinal de contas, já completou um mês no ar....  :-))

quarta-feira, 6 de abril de 2011

SAUDADE verde e amarela

Em julho de 2009 meu irmão me mandou da Inglaterra um CD do cantor Bon Iver (For Emma, forever ago), do qual eu nunca tinha ouvido falar...

No início achei as músicas um tanto quanto melancólicas, mas aos poucos fui acostumando o ouvido, e hoje as escuto sem problemas .... bate apenas uma GRANDE SAUDADE desse meu irmão que mora do outro lado do oceano, e esta primeira canção me faz lembrar especialmente dele....


LANDO, my BROTHER, essa vai pra você, brindando esse lindo dia de sol que tivemos por aqui hoje, e que eu espero, também esteja igualmente brilhando por aí....




F l u m e

I am my mother's only one
It's enough

I wear my garment so it shows

Now you know



Only love is all maroon
Gluey feathers on a flume
Sky is womb and she's the moon



I am my mother on the wall, with us all
I move in water, shore to shore;

Nothing's more



Only love is all maroon
Lapping lakes like leary loons
Leaving rope burns --
Reddish ruse



Only love is all maroon
Gluey feathers on a flume
Sky is womb and she's the moon

AMOR ANIMAL

Primeiro chegou o KURT (Cobain), como aquele, do Nirvana, mas muito menos radical e com mais amor à vida.

Querido, sutill, amoroso, leve, fofo, meigo, dengoso, companheiro, enfim, MUITO ESPECIAL!

                                                                     KURT

Ficou conosco durante um ano e meio, repleto de dengos e mimos, mas estava apenas "emprestado" e teve que voltar as suas amadas donas....

Um vazio se instalou, mas pouco permaneceu, pois não muito longe dali, habitando provisoriamente uma manilha numa rua sem saída, encontrava-se uma linda PRINCESA (assim anteriormente denominada)... Branquinha com manchas marrons, era alimentada pela vizinha solidária, e em especial, pelo "avó" materno do Kurt, igualmente "cachorreiro".... 

Certo dia, depois de saberem da "sem-teto", um casal começou a se interessar por ela, e já não fosse essa uma tremenda sorte, outra alma bondosa que se encarregava de tirar cachorros da rua, se responsabilizou por levá-la a um veterinário para os primeiros cuidados antes de ser apresentada ao seu novo lar, e assim aconteceu....

PRINCESA ficou hospedada numa clínica, foi examinada, medicada com vermífugos e também foi castrada. 

Dias depois, Princesa virou SHAKIRA, e entrou definitivamente em nossas vidas. Ciumenta, possessiva, dengosa, carente, amorosa, sensível, hiperativa, está com os dias contados no sentido de ser tratada com algum floral canino, a fim de diminuir sua ansiedade.



                                                                      SHAKIRA

Lá se vão quase 4 anos e seguimos felizes com nossa companheira, mas dois dias atrás nos deu um GRANDE susto....

Aproveitando uma visita de final de tarde, simplesmente fugiu em disparada, totalmente desorientada, rumo a uma rua de bastante movimento, principalmente naquele horário, pouco depois das 18:00h...

Saí correndo atrás dela, mas sem conseguir fazer com ela voltasse para os meus braços, tudo o que vi foi quase o FIM.... Ainda em disparada, ela simplesmente correu em direção aos carros em movimento, e literalmente se enfiou embaixo de um deles....

Tudo o que eu consegui fazer foi gritar um sonoro "Nãããããããooooooooooo!!!!", que chamou a atenção de toda a vizinhança, que pensou que um atropelamento (humano) tivesse acontecido....

Comecei a chorar desesperada, mas para o meu espanto, SHAKIRA saiu debaixo do carro, que apesar da freada não podia parar, e ainda em disparada, continuou a correr, sem rumo, como se estivesse num campo aberto, livre, leve e solta..... e o jeito foi procurá-la de carro...

Confesso que pensei que não a encontraria mais e não me conformava pelo fato dela ter saído ilesa de quase atropelamento, que poderia ter sido até pior, causando um acidente maior, etc....

Depois de alguns minutos, acabamos por encontrá-la numa rua próxima e ao som de apenas um chamado, entrou no carro, tão assustada quanto nós...

Examinei-a e não encontrei um arranhão sequer... e dessa história chego a uma conclusão bastante "espiritual": Os animais também possuem um ANJO DA GUARDA !!!!

Shakira era o xodó da casa até a chegada da Meg.... mas isso já é uma outra história....


P.S.: Nossos agradecimentos especiais à prima Angela (que já possui "anjo" no nome), pois sem ela essa "captura" talvez não fosse possível....  :-))

segunda-feira, 4 de abril de 2011

pequenos GRANDES textos


CONTRADIÇÃO

A madame leva
seu bem alimentado
e bem agasalhado
cãozinho pra passear.

O andarilho
acorda assustado,
e com os olhos arregalados,
pergunta: Cadê meu dono?
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Comunicação. Falha.
Falha na comunicação.
DESENCONTRO.

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OUTONO

As folhas caem
ressecadas pelo verão
que se foi...
Fragilizadas pelo inverno
que está por vir,
as folhas caem...

Leves como penas,
pesam aos braços
daquele que varre
a natureza
das calçadas urbanas...


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RARIDADE

Sábado.
Hora do almoço.
Cardápios variados.
Escolhas incertas.
Cena rara...

Sobre a toalha da calçada quadriculada,
um gari saboreia
um delicioso livro
como sobremesa...
 

 
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ERVAS DANINHAS

O dia amanhece.
A vassoura descansa.
Hoje o gari sai da rotina...
Conversa com as ervas daninhas
que povoam as frestas das calçadas.
 

 
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MÁGOA

Palavras ao vento,
fogem sem destino e magoam sem querer.
Encontram
um coração fragilizado,
que as acolhe
e as mantêm enclausuradas
na garganta...

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MUTAÇÃO

De repente
a cor
deu lugar
à quase dor...
E como do dia pra noite,
a exclamação do azul
cedeu à interrogação do vermelho
e se calou na incerteza das brancas reticências....



PALAVRAS AO VENTO

Flor: 7

Palavras vêm e vão,
e de repente, como numa tempestade de idéias,
despencam da imaginação e
colorem mais uma página, até então, pálida e branca ....

No calor do chuveiro,
no desconforto do ônibus lotado,
no prazer de apreciar uma bela paisagem,
ao observar a chuva que cai ou o sol que se põe,
ou simplesmente ao despertar para mais um longo dia,
as palavras saltitam, e se multiplicam
como grãos de pipoca na panela quente...

E num piscar de olhos,
me vejo diante de mais um parto de letrinhas.....

Palavras ao vento que nascem e
já choram pelo alimento de mais um verso...

AGOSTO

Flor: 4


... e o mês de agosto chegou....

Mês do desgosto, do cachorro louco, talvez da morte... ou seria do renascimento?

Por que será que MUDAR, ROMPER, ENCERRAR, BUSCAR, assusta tanto o ser humano?

MUDAR de ares...
ROMPER com situações...
ENCERRAR etapas...
BUSCAR novos horizontes...

O homem é cada vez mais preso a conceitos, tradições, regras e medos, e tem cada vez mais dificuldade de enfrentar seus fantasmas e seguir de encontro a um final feliz, ou pelo menos um final onde a mocinha sobreviva, mesmo que sozinha...

Sobrevivência, talvez seja esse o “x” da questão...

Tornamo-nos facilmente escravos das facilidades que o monótono e sistemático dia-a-dia nos oferece, que fica quase impossível nos projetarmos numa outra “tela”, mais viva e mais colorida...

É como se não quiséssemos mudar os escuros tons que tomam conta da nossa paisagem...

Gostamos do pink, do verde e do roxo... nosso dia-a-dia está coberto de preto, cinza e marrom e não conseguimos sequer coragem suficiente pra mudar as cores da palheta, quem dirá, ousadia pra mudar a pincelada e arriscar outro “estilo” de pintura...

Falta ao homem coragem e ousadia pra lutar pelo seu real bem-estar.

Coragem que é antecedida pelo receio de não dar certo....

Ousadia pra arriscar, cair e levantar-se novamente, porque quanto maior é a queda, maior é a força que nos acompanha depois...

Infelizmente são poucos aqueles que se permitem essa queda...

Poucos os que tem olhos e ouvidos pras coisas do coração e resolvem investir nessa louca aventura, às vezes sem volta...

Quero ser um desses poucos, pois quero chegar no mais adiantado da minha idade, olhar pra trás e poder afirmar, que pelo menos eu tentei...

Que pelo menos eu consegui dar um basta na anulação que não agregava nada, muito pelo contrário, só me impedia de ser quem eu gostaria de ser.... criador, criativo, nascida no Dia da Criatividade, não poderia ser diferente, e não perceber quase que uma missão, pra continuar no comodismo do “um dia após o outro”, não combina com um espírito sedento de novos ares e novas INSpirações....

Vou em busca do desconhecido, que me aguarda no sentido de desvendarmos juntos os mistérios das cores, das dores, mas também das flores e dos amores.

Boa viagem pra mim!

Flor: 4