terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Ilha da Fantasia




Natureza farta e generosa.
Sol, mar e verde se fundiam nas trilhas que levavam ao desconhecido.
Areia nos pés e olhos atentos eram acolhidos pelos mosquitos que mordiam, beijavam e lambiam sem pudor algum.
Malas modernas, mochilas de última geração, câmeras e celulares se confundiam em meio ao rústico que repelia a tecnologia.
O canto dos pássaros era registrado por um coração que batia no mesmo ritmo da cantoria matinal. Os dias já acordavam com música nos ouvidos da alma.
Árvores frutíferas se misturavam àquelas que não traziam esses presentes, mas encantavam igual, e maracujás, limões e laranjas desde cedo já caíam dos pés, sugerindo deliciosos sucos na mesa do café da manhã.
A cozinha, orgulhosa, anunciava o aroma da alegria de um bolo de fubá saindo do forno e o melhor companheiro, sem ciúme algum, já se exibia, num lindo e antigo bule de chá.
Frutas frescas se acomodavam, lado a lado, numa linda cesta feita artesanalmente e ali ficavam expostas, à espera de serem degustadas.
Fatias de pão fresco eram delicadamente cortadas e organizadas também numa cesta, onde cobertas por uma toalhinha xadrez,  aguardavam o derreter da manteiga ou o deslizar da geleia.
Olhos sonolentos e cabelos despenteados aos poucos iam se recompondo, e em poucos instantes estômagos vazios e mau humorados, sorriam.
E sorrindo, partiam para mais um dia de descobertas na Ilha da Fantasia.


CONTRADIÇÃO




Céu sem nuvens
Mar sem ondas
Floresta sem insetos
Ruas sem ruídos
Vento sem cabelos despenteados
Riscos sem consequências
Mel sem abelhas
Abelhas sem ferrão
Sofrimento sem dor
Crescimento sem aprendizado
O novo sem o desconhecido
Voos sem dor de barriga
Reencontros sem borboletas no estômago
Música sem movimento
Mágica sem truques
Desenho sem cor
Carnaval sem folia
Ilha sem fantasia