quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Como o vento




Domingo devia ter sempre gosto de algodão doce.

Cheiro de mar. 

Carinho do sol, cafuné da lua.

Férias.

Um bom livro.

Um encontro amigo.

Um almoço em família.

Uma boa rede.

Uma xícara de café.

Um pedaço de bolo, ainda quente.

Pipoca.

Um filme. Uma série.

Um bichinho de estimação.

Uma aquarela.

Um poema.

Um telefonema.

Um e-mail.

Um recadinho.

Uma lembrança amiga.

Uma recordação calorosa.

Um abraço.

Um acolhimento.

Uma escuta amorosa.

Um vestido novo.

Rodado!

Um lenço no pescoço.

Bem colorido!

Um brinco grande e diferente.

Um só!

Um sono bom, no meio da tarde.

Uma chuvinha quieta,

no pé do ouvido.

Como sempre diz uma outra maga das palavras,

"Domingo devia ser item de coleção",

feito figurinha rara.

Guardado numa caixinha de papelão toda decorada com papel de presente,

no lado esquerdo do peito.

Domingo não devia ter gosto amargo,

de ausência.

Nó na garganta.

Angústia no peito.

Partida.

Porque não partiu,

ficou!

Voo de borboleta. 

Das mais lindas!

Plantou esperança

e o jardim já está pra lá de florido,

mesmo antes da chegada da prima Vera.

Voou,

Voou,

feito vento suave no rosto

e pousou.

Nos nossos corações.

Pra sempre.


P.S.: Para AnaMi(chele Soares) que voou no último sábado mas eu só soube no domingo.

@ paliativas ♥ dez/1982 - jan/2023 ♥

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

AR te amo




precisando

mergulhar na arte

me afogar nas cores

virar borboleta amarela

com manchinhas pretas

Abrir janelas

cantar bem alto

gritar

rodopiar no meio da sala

ao meio dia

arrastar o pé

bambolear a cintura

cansar a perna

equilibrar

os pesos 

as penas

colorir

o papel 

e a vida.











quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

resPIRO



certas situações não nos caem bem,

acabam indigestas,

feito prato frio saboreado tarde da noite.

às vezes é preciso mudar de dieta ...

algo mais leve, com ingredientes frescos e diferentes.

digerir mais cedo,

ainda na companhia da luz do dia.

novo cenário.

novas presenças.

novas possibilidades...

olho pela janela.

escuto, vejo e sinto o vento.

preciso

respirAR !!!

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

ESPERANÇA



Esperança é coisa que insiste,

não desiste,

resiste!

Às vezes foge,

se esconde no verde,

se veste de ilusão,

engana o coraçã.

Esperança é coisa que insiste,

desaparece,

volta confiança, 

cresce e

enaltece.

Esperança é coisa que insiste,

dribla a insegurança,

chama a perseverança,

torna-se herança.

Esperança é coisa que

de manhã insiste,

de tarde resiste,

de noite existe, mas

NÃO DESISTE! 





segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Cheiro de mato



Às vezes dá vontade de morar no mato.
De cheirar lavanda, camomila, hortelã.
De abraçar árvores.
De tomar banho no rio, andar descalça.
Conversar com os pássaros, admirar o azul e o amarelo que dançam com as borboletas.
Às vezes dá vontade de apenas ficar ouvindo o silêncio e sentir o pulsar das lições que ele tem pra dar.
Manjericão! Imensidão! Gratidão! 🌿
Às vezes dá vontade!

domingo, 15 de janeiro de 2023

mãos de M Ã E





Sonhei com mãos.

Dedos que se entrelaçavam.

Gesto que falava.

Acalentava.

Aconchegava.

Silêncio que falava.

E gritava de amor.

Sonhei com minha mãe.

Com nossas mãos.

Dadas. 

sábado, 14 de janeiro de 2023

REnascimento


Sempre gostei de aniversários.

Tanto do meu, como dos outros.

Sempre fui aquela que organizava os parabéns, com bolo, presente, abraços, laços e sorrisos nas empresas em que trabalhei.

De lembrança, contada por minha mãe, trago apenas um coelhinho com laço vermelho do meu primeiro aninho de vida - um bolo de morango, coberto com coco. Sequer lembro do gosto, mas me é muito especial e cresci ouvindo minha mãe falar sobre uma senhora chamada Angelca, a boleira responsável por essa gostosura.

Quando criança, festinhas sempre aconteciam e a alegria era GRANDE diante dos brigadeiros, canudinhos recheados com maionese e olhinhos que brilhavam com as brincadeiras que nos faziam suar, gritar e sorrir.

Em casa, nunca fomos dados a essas comemorações coletivas. Nossas celebrações sempre foram mais tímidas...talvez por causa disso que quando depois de adulta, eu sempre fiz questão de aparecer na casa da minha mãe com uma sacola pesada de gostosuras, em datas pontuais e especiais, que resgatava toda essa falta.

Presentes materiais às vezes se faziam ausentes, mas o café e o cuque com farofa faziam as honras da casa. Mais tarde, transferimos esse afeto para almoços com empadão ou lasanha, acompanhados de muitos elogios e água na boca.

Adoro o mês de novembro e amo o dia 17, data que escolhi para estrear nesse mundo, e talvez para compensar tudo o que foi dito acima, acabei ganhando de presente mais uma data a comemorar, um renascimento a celebrar, uma gratidão a exercitar, todo dia!

Em 01/09/2021, renasci diante de um autotransplante de medula óssea, possibilidade de vida que começou lá atrás em janeiro de 2019, quando descobri um tumor na coluna e fui submetida a uma descompressão medular, e de brinde,  uma artrodese - 12 pinos e uma placa de titânio na região torácica - que me lembram todo dia que estão lá!

Mas tudo bem! Estou viva, agradecida, e é isso o que importa!

Ainda limitada em alguns movimentos e atividades, mas bem mais MAIOR em consciência, coragem, fé e aprendizados!

E sigo caminhando...

De passinho em passinho, ainda vou LONGE!!!

Obs.: ... e até os balões dessa festa são especiais. Voos mais altos...








sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Ausência presente


Andei ausente.

Estive caminhando por aí.

Distraída.

Flores pelo caminho.

Pássaros cantando.

Árvores gigantescas com suas raízes expostas.

Borboletas amarelas desviando o olhar.

Palavras bonitas, poesia no ar.

Encanto.

Inspiração.

Fios, linhas e lãs e curvas nunca antes visitadas.

Amei a viagem, mas estou de volta!

Resgatando minhas entrelinhas, me encontro nos meus nós.

Meu eu.

Mesmo na ausência, estive presente.