domingo, 30 de abril de 2017

Chá de letrinhas



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Já faz um ano que moro e trabalho no mesmo bairro e vida melhor não existe!

15 minutos de caminhada, 8 minutos de bike ou 4 de bus em dias chuvosos ou naquelas manhãs atrasadas são suficientes, mas confesso que de uma coisa sinto falta.

Tenho lido bem menos do que gostaria e estive pensando que isso também se deve ao fato de que ultimamente eu quase não tenho andado de ônibus, em horários que não sejam de rush, of course, o que resulta no presente de um assento, que nem precisa ser na janela... não precisava!

Contrariando a maioria, que dentro ou fora do ônibus, não tira os olhos e os dedos do celular, considero que esse tempo bastante útil para colocarmos aquela leitura em dia.

Com um novo livro em mãos, andei pondo em prática meu antigo hábito, aproveitando uns passeios meio à contragosto, pois a verdade é que ainda prefiro a segurança do meu sofá, mas o que eu não contava era com a companhia de um ser pra lá de inconveniente e que literalmente me tira do eixo.

Outro dia descobri que chá de gengibre ajuda. Comprei a tal da raiz. Agora só falta fazer o tal do chá.

Melhor! Dias atrás estive numa farmácia comprando pasta dental em promoção e no caixa me deparei com balas de gengibre, mel e própolis. Custaram quase o valor das 3 pastas, mas lembrando de uma gripe que está querendo me pegar, comprei! Eu e os doces!!! Mas devido aos saudáveis ingredientes de sua composição, a culpa diminuiu um pouco.

Voltando aos livros e aos ônibus, hoje domingão, sorte que ele estava praticamente vazio. Depois de umas duas ou três páginas, senti aquele mau estar chegando e pedi socorro à balinha de gengibre e a um banco próximo de uma janela totalmente aberta, apesar da já amena temperatura de outono.

Ali fiquei por alguns minutos, totalmente em êxtase, lembrando que ainda me encanta el viento en la cara.


Por Deus que nunca engravidei, pois acho que Ele sempre soube que eu não daria conta de algo chamado NÁUSEA!

sábado, 29 de abril de 2017

Adormecidas lembranças





É brasileiro. Nunca sequer pisou num avião que o pudesse levar para terras estrangeiras.

De hábitos simples, um pouco grotescos, teve uma infância dura, ausente de carinho, compreensão e a acolhida que toda criança precisa.

Cresceu dentro dessa rigidez, mas de uns tempos pra cá vem aprendendo a estender a mão, abri o coração, abraçar, beijar, ser carinhoso e se despedir com um "Deus te abençoe".

Com alguns ainda não é polido e a contraditoriamente, uma aproximação maior acaba por afastar manifestações mais amorosas.

Apesar de ter se criado "nos mato", vindo pra cidade acabou adquirindo alguns hábitos que a própria carreira militar teve a missão de lhe ensinar.

Banho tomado, barba feita, cabelo cortado, roupa passada, sapato lustrado e de quebra, uma água de colônia, sempre fizeram parte de seus passeios.

Antes um capacete de bombeiro. Depois um kepe para eventos mais importantes no quartel e agora, um chapéu. Um não! Dois! Um de palhinha para o verão e outro mais sofisticado, com forro e tudo, para o inverno.

Descendente de bugres e índios, mas carrega consigo um gosto europeu. 

E assim, apesar de perfis tão diferentes, nos aproximamos pelo simples fato de talvez voltar a um passado bem distante, onde este acessório aqui tão pouco usado, ainda faz parte de remotas e quase perdidas lembranças. 

sábado, 22 de abril de 2017

Tudo passa(s)






Época de festas chegando, e não querendo tirar o destaque do protagonista do momento, hoje quero falar dela.

Amada por uns, odiada por outros, é bastante lembrada pela flexibilidade.
Fica bem em doces, bolos e sobremesas, mas também sofistica e diferencia pratos salgados.

Nem um pouco preconceituosa, pode se apresentar de branco ou preto, dependendo da situação e do gosto.

Pequena, tímida, meio “encolhida” pois coisa boa não enruga nem envelhece, às vezes é vítima de cozinheiras compulsivas que acabaram exagerando um pouco.

Já foi mais jovenzinha, robusta, suculenta e vivia pendurada no quintal, diante de olhos surpreendidos e bocas aguadas.

Mas a vida passa pra ela também! Aliás, principalmente pra ela.

O tempo chega pra todos e com ela não poderia ser diferente.

Feliz metamorfose, feliz transformação e hoje ela se faz compulsivamente  presente no arroz, na salada e na farofa.


Bem-vinda à mesa uva passa, se fazendo presente em mais uma data especial, antes que ela passe.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Ser fixo ou ser móvel, eis a questão!










Nasci na época da máquina de escrever. Tive a oportunidade de fazer um curso de datilografia, também em máquina elétrica. Um luxo só! 

Não nasci sendo amamentada enquanto minha mãe verificava as novidades do Facebook, Instagram ou Twitter.

Vivo, há pouco tempo as modernidades dessas redes sociais e de um whatsApp, apesar de ainda não contar com a tal da "uaifai" em todos os cantos por onde ando.

Meu fogão, geladeira e televisão já fizeram mais de 15 anos e a comemoração do baile de debutantes acontece sempre que cozinham minha comida, conservam meus alimentos ou me dão o prazer de parar por duas horas para assistir um bom filme, abraçada a uma bacia de pipoca.

Minha TV, coitada, como diriam muitos, ainda de tubo, ocupa um certo espaço, mas ainda se comporta bem num velho e saudoso rack, também para muitos, uma antiguidade.

Hoje em dia, a TV, magrinha, cultuando a beleza imposta pela mídia e pela sociedade em geral, subiu, assim como a exigência a respostas e contatos imediatos. Está suspensa, mas ainda presa à moda, que diz que ela fica mais linda e funcional ainda, se colocada sobre uma base de madeira, que combinada com o resto dos móveis, garantem uma comissão ainda mais gordinha para o vendedor.

Sou antiga e admito! 

Adoro coisas retrô. Amo piso em taco. De brechó sou fã. Pra mim, quando mais antiquado, melhor, afinal de contas, como já diz o também velho ditado "o bonito está nos olhos de quem vê".

E agora falando sobre telefone. Minha família só contou um aparelho fixo, anos depois da maioria das casas se beneficiarem com essa regalia. Orelhão, ficha telefônica, é tudo da minha época, quando ainda eram menos nojentos, mais conservados e não serviam de mural para anúncios de serviços pornôs.

Sou prolixa e assumo!

E-mail pra mim nunca foi e nunca será para poucas palavras. Saudades das cartas que ainda escrevo. Elas sim! Ilimitadas, libertárias, exclusivas e criativas, onde interajo com o meu leitor da melhor maneira possível.

Mas o tempo passa meu amigo e essas gostosuras da vida também perdem a vitalidade.

E aí chega o celular. Você demora a adquirir um, mas acaba se rendendo, do contrário, só vai "conversar" se estiver em casa e o cidadão tiver a disposição de memorizar o seu número e lhe discar.

Você liga, recebe ligações e manda torpedos e está tudo bem. Só que não!

Eis que chega algo de nome internacional, popularizado por ZAP, afinal de contas, brasileiro é ótimo para adaptações. 

Você resiste, mas aí vem uma prestativa colega de trabalho pronta a lhe "atualizar" e se oferece para instalar o aplicativo. 

Bingo!!! Agora você é uma pessoa NORMAL !!!!

Mas o tempo passa e de vez em quando ele é cruel pois ele não lhe informa que essa alegria é momentânea e passageira. Na verdade, tem o tamanho de 365 dias e nem mais um segundo.

Então você tenta atualizar algo que já está obsoleto - adoro essa palavra! Abrindo um parênteses (no meu dicionário secreto, só perde para a palavra E S P E T Á C U L O)... fechando o parêntesis. E ele diz que para isso você continua sem memória! Meu pobre celular com Alzheimer!

Então você tenta enganá-lo. Desliga. Liga. Apaga todas as fotos com belos momentos registrados; exclui todos os vídeos e mensagens carinhosamente recebidas e espera que com isso, o ZAP volte a funcionar... afinal de contas, já amanheceu, mas você ainda não visualizou os BOA NOITE de ontem , as fotos da semana passada e os vídeos de quinze dias atrás. E nada!!!

Você excluiu TUDO o que tinha e a tela do seu ultrapassado celular grita em alto e em bom tom que você não tem espaço suficiente para efetuar o procedimento.

Sem memória e sem espaço! Estou ferrada!

Então você senta, chora e grita? Calma, não precisa tanto desespero. 

Com apenas um CLICK você adquire rapidinho um novo, atual e ainda mais bonito - tem até dourado - com mais memória e assim fica mais "próximo dos amigos", alimentando uma comunicação cada vez mais virtual, mais preguiçosa e mais comodista.

E o celular antigo fica onde? Numa gaveta? Talvez, ou então você o repassa para o seu irmão, que FELIZMENTE nem sabe o que é whatsApp e não vai sofrer com toda essa comunicação, ou melhor, com a falta dela.