sábado, 27 de junho de 2015

ENVELHE SENDO






Então o tempo passa e o corpo véio de guerra começa a padecer e nem sequer é no paraíso.

O cabelo resseca, os fios perdem a cor original, a pele descama, os pelos começam a rarear e clarear, o coração dispara, a bexiga cai, a imunidade também, e as rugas... ah, as rugas! Vão aparecendo sem pedir licença e sorte dos olhos, que vão ficando mais fracos e não conseguem perceber a diferença que diariamente mostra o espelho... sábia natureza!

Sem falar na coluna.... lombar, torácica, cervical, ciático, artrite, artrose... aliás, preciso checar a diferença entre essas duas últimas.

Aquela caixa que você carregava sem problemas anos atrás, aquela mala que você puxava sem grandes esforços aeroporto afora, já pesa mais que os 23 ou 32 quilos permitidos pela companhia aérea.

E junto com ela, mais uma vez, PESA a consciência pelos muiiiiiiiiitos quilinhos adquiridos ao longo das últimas três décadas.

Bem-dita década de 90, quando no auge dos meus vinte e poucos anos, tinha disposição e garra pra fazer aeróbica todo santo dia,  fizesse chuva, chovesse sol.


Os anos passam diante dos nossos olhos, e eles, ocupados com outras paisagens, não percebem o excesso de bagagem.

Não bastasse a caixa pesada e a mala abarrotada, ainda tem a carga emocional, e d e f i n i t i v a m e n t e, não há sistema que não fique nervoso.

E nervoso ficando, vem a ansiedade, o medo, o pânico, o choro diante de uma estrada escura ou de uma monstruosa máquina chamada avião.

E com o choro vem a tristeza, que com ela carrega a depressão, e aí danou-se!

Aventais brancos entram em ação e novos amigos como o sobrenome “il” são apresentados.


Antes bem acompanhados, que sós!

terça-feira, 23 de junho de 2015

QUADRO NEGRO EM LUTO


Pra não cair no esquecimento 
Massacre de professores no dia 29/04/2015, em Curitiba, Paraná, Brasil




Cidade ecológica
Vinte e nove de abril
Sem voz, sem eco, nem lógica
Vai a óbito uma educação febril
                                                     
Com o massacre ao professor
Homem honesto e trabalhador
Correram suor, lágrimas e dor
E um lacre se abriu ao horror

Antes azul,  verde e amarela
Agora vermelho encarnado
Uma mancha, uma ferida, um elo
E mais um professor desvalorizado 

Ordem e Progresso foi apagada
Brilho da estrela perdida
Mancha que fica estampada
Numa canção esquecida

Bombas e spray de pimenta
Contra giz, lápis e avental
O governo nada comenta
E o professor ruma ao hospital

Marcas pra sempre deixadas
Rixas ferozes feito bicho
Salas de aulas fadadas
A míseros pintos no lixo

A desunião fez a força
Numa quarta-feira de abril,
A educação foi à forca
Numa pátria nada gentil

Balas que adoçam as bocas
Balas que ferem as almas
Balas desembrulhadas e ocas
Em mãos que não batem mais palmas

Apagaram todo o respeito
Balas de borracha à sorte
A Educação se despede num leito
Num berço esplêndido de morte

Na rua, nua, um tributo
Canção em total desarmonia
A luta se transformou em luto
Em plena e absoluta covardia