quinta-feira, 20 de abril de 2023

Coração de alface

 


Tem gente que não gosta de alface.

Acha sonsa, sem gosto nem graça.

Eu mesma, prefiro rúcula, radite/almeirão, escarola ou agrião.

Sempre com muito limão!

Mas há quem aprecie! E minha mãe era uma delas.

Gostava de saladas e nos ensinou a amá-las. Assim como nos ensinou a enxergar beleza nas coisas simples. 

Para ela, um prato de arroz com feijão se transformava num banquete quando na companhia de duas ou três folhinhas de alface.

Aprendi com ela a admirar o simples e o belo que salta todo instante na frente do nosso olhar...assim como aprendi a gostar de dias nublados e chuvosos.

Vão super bem com um soninho da tarde ou com pipoca com orégano.

Garoa lá fora, mas aqui dentro o sábado brilha.

Dia de feira. 

Em meio a cebolas, tomates, cenouras e abobrinhas, um pé de de alface na sacola.

Uma flor de alface com gosto de saudade de mãe.

Sem limão!

quarta-feira, 19 de abril de 2023

trilhANDO surpresas


Caminhadas ainda me desafiam. pequenas ou GRANDES.

Às vezes, recuso e me culpo. Outras vezes, aceito e me arrependo.

Vivo nesse vai não vai de dúvidas e na incerteza, me acomodo.

Durmo. Leio. Assisto. Como. Bebo. Escrevo. Sento. Levanto. Alongo. 

Às vezes danço.

Minha coluna busca apoio e meu corpo cede.

As ruas ainda assustam, tonteiam e me dificultam meus passos, antes tão grandes, tão largos e tão audaciosos.

Hoje se confundem entre degraus, ladeiras e calçadas tortas, onde um quilômetro parece ter muito mais que mil metros.

Sigo engatinhando, ensaiando uma coreografia cujos movimentos ainda me parecem complexos.

Mas tudo isso permeado por muita GRATIDÃO!

Por uma segunda chance, por aprendizados, por evolução.

E nessas lições de superação, hoje vou sair.

De tarde para "bonecar" (projeto voluntário que cria bonecas para instituições).

De noite para apreciar com bons garfos e água na boca, um evento intitulado COMIDA DE AFETO - lembranças embaladas para viagem.

Citação melhor não há para uma amante incondicional das metáforas.

Salivo e já as degusto!!! ♥ 



segunda-feira, 17 de abril de 2023

Tudo junto & misturado

 


di VERSOS 

RessignificAÇÃO

Do singuLAR ao plu(s)ral


Sábado, dia 15/04/2023, vivenciei algo especial.

Especial e genial!

Uma instalação que se propôs a dar novos lares e donos a pertences, memórias e histórias de uma mulher que hoje acompanha tudo isso de um outro plano, e que no momento, com certeza, sorri.

A casa, por si, já é um evento e  os anfitriões, dois cavalheiros.

Já na entrada, o portão te convida a uma experiência. Papeis são colados dando uma dica do que há por trás daquele  muro alto.

À direita, a parede texturizada de objetos chama a atenção do olhar e do lado esquerdo, um jardim, uma horta e um cão chamado Vodun, nos encantam! No chão de um território só seu, placas de metal com a palavra PARE tentam conscientiza-lo a não fazer buracos.

Guirlandas de louros colhidos todo final de ano, decoram outras paredes. 

Quando os olhos alcançam o teto e imaginam não achar mais nada, se deparam com um lustre feito de galhos.

O piso de pedra contrasta com vasos de cactos, lindos, grandes e felizes.

Ao redor da sala, que abre os braços para acolher toda essa amorosidade, temos, num harmonioso e GRANDE encontro, quadros diversos, espelhos diversos, vasinhos diversos, álbuns de fotografia antigos, intactos e diversos, ansiando por fotos hoje guardadas nas gavetas virtuais de uma nuvem que não tem nada a ver com o céu. Caixinhas, latinhas com surpresas (diversas) dentro, bordados emoldurados, manequins que denunciam um dos talentos da homenageada e itens que invadiram até a privacidade do toalete. 

No meio da sala, fitas desciam do alto, de onde bolsas, também diversas, eram penduradas e em fila, desfilavam. E numa parede lateral, luvas, muitas, variadas e "diversas" e um chapéu rosa antigo, talvez anos 50, que quando eu já ia embora, foi escolhido por uma cabeça visitante e encantada.

Tudo isso sem falar em mais papeis, cartões postais, caixas de fósforo, miniaturas,  bijuterias e demais e diversos objetos variados e afetivos que ainda descansam no aconchego de um baú, onde provavelmente naftalinas são inquilinas vitalícias.

Não conheci a Lia, mas me vi muito nela.

Adorei a ideia e voltei pra casa já pensando em escolher uma curadoria para o museu que me habita.

Uma resposta para aquela pergunta que me vem quando me vejo olhando para meus objetos amados e também diversos...

Para onde irão? Em que endereços, prateleiras, estantes e paredes descansarão?

Ah! Esqueci de falar da cozinha da casa.

Escapou ilesa de acolher objetos à venda, mas fiquei tentada a perguntar o possível preço de uma antiga geladeira. Mais econômica impossível. Hoje, um armário.


p.s.: escrevo este texto às 5h da manhã deste domingo 16/04/2023, que promete ser nublado, mas aqui dentro está tudo azul e o sol brilha... perfeito para a decolagem desse helicóptero, sempre em boas e apaixonadas mãos. 💙