sexta-feira, 28 de junho de 2019

Nostalgia




Não canso de me perguntar o porquê de roupa no varal me trazer tanta alegria.

Talvez por se tratar de um dia de sol. Talvez por me remeter à limpeza. Sei lá!


Só sei que me faz bem, me traz leveza, me encanta o coração. O mesmo sentimento me vem com relação à casa limpa, cheirando cera Canário amarela e pão caseiro no forno. Cheiros de infância que sempre me acompanharam.


Contentamento tão GRANDE por algo, na verdade, tão pequeno.


Pequeno, talvez, mas significativo.


Cheiros, lembranças, sentimentos, que feitos mini objetos ficam guardados numa gavetinha e de vez em quando saem para respirar um pouco.


E falando em assoalho encerado e pão caseiro, essa semana me veio à mente várias vezes a figura de minha mãe.


Tudo isso porque se eu voltar no tempo e fechar os olhos, ainda sou capaz de sentir esses cheiros e suas provocações e alegrias dos sábados à tarde. 


Casa aberta, roupa no varal, faxina, e no final do dia, pão quentinho com manteiga derretendo, feito colo de mãe.


Acho que ando com saudade de ser filha...










segunda-feira, 10 de junho de 2019

Bad news






Acho que nunca vou esquecer a data de 21/11/2018 e a consulta com o ortopedista que mudou a minha vida do dia pra noite.

Um primeiro diagnóstico que botou no chinelo dores nas costas, pilates, fisioterapia, sedentarismo, músculos nunca antes trabalhados, sobrepeso, e um final de tarde que levou pra casa duas palavras-chave: paraplegia e metástase, ainda sem entender o que tudo aquilo significava.

Na verdade, subestimei uma imagem em preto e branco, que tinha tanto a revelar.

Além do câncer e do fato dele ter migrado para os ossos de minha coluna, a possibilidade de eu ficar sem o movimento das minhas pernas. Muita coisa para assimilar em 40 minutos de uma consulta médica. Muita coisa para assimilar desde então. 

Primeiro você se protege, desliga o botão, acha que não é com você, que aquilo não está acontecendo. Talvez a fase que chamam de negação. Depois a neurose de dormir e acordar na companhias daquelas palavras que resumiram meu encontro com o Dr. J.C.M depois de 3 anos, quanto a simpatia nasceu diante daquele profissional que olhava nos olhos e mansamente conversava sobre qualquer assunto, independente do quão atrasado estava com as demais consultas. Teve o meu respeito e admiração desde o início. Eu só não sabia que ele seria o porta-voz de uma notícia que ninguém espera receber, e ainda, repleta de detalhes e pormenores.

Apesar da gravidade da situação, acredito que se isso acontecesse em outra fase da minha vida, talvez fosse ainda mais devastador. Apesar dessa doença assustar de modo particular, mantive meu coração e minha mente serenos. E SERENIDADE tem sido a palavra, cada dia mais, junto da coragem de me manter forte, mostrando que estou disposta a lutar por essa coluna que sempre me manteve em pé e por essas pernas cujos músculos devem lembrar que muitas partidas de vôlei jogamos juntas.

Cirurgia marcada, um certo receio que fez antecipá-la e lá fui eu me internando uma semana antes.

Sem intercorrências, muita sopa, gelatina e chá mate morninho e acolhedor e apenas uma semana de hospital. Sucesso total e hora de ir pra casa. Ainda não para a minha, mas digamos que para a minha segunda casa.

Carinho, cuidado, banho acompanhado, remédios de madrugada e um apetite voraz, com um paladar pra lá de aguçado.

Retirada dos pontos e ainda a passinhos lentos, muita coisa a ser reaprendida.

Sono, muito sono e um amortecimento que de anormal, passou a minimizar minhas dores e desconfortos.

Mais exames, consultas e novidades, às vezes nem tão boas assim.

Sessões de radioterapia, náusea, vômito e diarreia, misturados ao carinho das técnicas que ali, não operavam somente uma máquina.

Mas, como diz meu atual "mantra", TUDO PASSA, e passou.

Apesar da falta de apetite, emagreci apenas 3 quilos e meio, e aos poucos, algumas vontades inusitadas foram aparecendo, como por exemplo, cenoura ralada com tomate e bastante vinagre de maçã, temaki e hamburger. 

Desejos realizados!

De repente, mais uma novidade médica: a sugestão de quimioterapia, via oral, com três medicamentos, mais um procedimento de cálcio injetável, uma vez por mês.

E seguimos juntos, pois já venci algumas batalhas, mas a guerra ainda não acabou.









passado, PRESENTE, futuro





Outro dia, numa sala de hospital, depois de horas de espera para mais um exame, sentou ao meu lado uma moça e começamos a conversar.

Ela perguntou qual era o meu problema, e mais uma vez me pus a relatar o motivo que tinha me levado a um tratamento oncológico.

Uma mera dor nas costas, a ideia de no máximo uma hérnia de disco, e o resultado de um tumor maligno bem no meio da coluna.

Uma cirurgia, sessões de radioterapia e atualmente, quimioterapia "home office", de casa mesmo, via coquetel semanal de comprimidos, e tudo bem, pois me sinto ótima, deixando de lado o medo dos efeitos colaterais.

Quando terminei minha breve história, ela começou a dela.

Também começou a sentir dores nas costas, mas imaginou ser lombalgia, uma vez que é muito agitada e vive fazendo esforço.

Fez mamografia, depois ecografia, e bingo! Câncer de mama estágio 5 e apenas 37 anos de idade! Ainda ilustrou a situação com uma imagem dizendo que seria como se tivesse um seio embaixo de cada braço. Triste, muito triste!

Naquele momento tive vontade de ficar conversando com elas por horas. Pena não tê-la encontrado antes. Cheguei às 12h30, ela às 14h e fomos atendidas depois das 17h, mas também tudo bem!

Para finalizar a conversa, ela me disse a seguinte frase, que eu trouxe pra casa. 

O CÂNCER É UM PRESENTE QUE VEM EMBRULHADO NUM PAPEL FEIO.

A princípio me soou forte, mas se refletirmos um pouco, chegaremos à conclusão de que é isso mesmo, pelo menos pra mim.

Um presente que pode vir numa caixinha de papelão amassada, num pacote amarrotado ou num embrulho cujo laço cor de rosa foi esquecido.

Geralmente o baque inicial é tão grande que nos cega diante de toda essa grandeza, mas aos poucos, a aceitação e a entrega nos fazem enxergar com outros olhos.

Aos poucos vamos assimilando a dor e a finitude. Sim! Pois parece que o ser humano se acha imortal e só se vê diante da morte quando recebe o diagnóstico de uma doença crônica.

Mas isso não aconteceu comigo.

Aliás, até agora não sinto essa doença limitando meus sonhos e pensamentos, muito pelo contrário.

Lido com ela diariamente, conversamos, trocamos figurinhas e isso me faz crescer.

Ela já entendeu que eu não SOU doente, apenas ESTOU, e que finalizado o prazo dela, ela vai embora deixando o seu legado e acredito que isso acontece com a maioria das pessoas que passa por esse processo.

Trata-se de fé, de confiança, de entrega, de aprendizado, de recolhimento, de humildade, de reconhecimento, de gratidão, de amor, e se tudo isso não causar mudança, transformação, creio que nada mais causa.

E no meio disso tudo, duas palavras tem me acalentado o coração, me dando forças para seguir em frente. Com elas continuo alimentando o sonho de mais uma viagem, de mais uma caminhada, de mais escritos, de mais cafés com as amigas, de muitas risadas, de muito cinema, de mais vida e de mais encontros comigo mesma e com o DEUS que habita em mim: TUDO PASSA!

domingo, 2 de junho de 2019

Cebolas carameladas





Feito cebolas,
vamos deixando aos poucos 
a pele árida e seca.
 
Cortadas, deixamos livres
as feridas que ardem
deixando à mostra camadas 
nuas e cruas.
 
A dor se recolhe e o
coração serena, extasiados pelo
calor da chama que aquece e
da angústia esquece.
 
Feito cebola caramelada,
deixamos de lado o ardido
que deságua em lágrimas
incompreendidas.  
 
Um alento é encontrado.
Uma partilha é feita.
Uma lágrima encontra a outra.
Um coração se enrosca no outro.
 
Um aconchego é buscado num
quente abraço que aproxima,
num laço que afrouxa, mas
que continua apertado.
 
Empoeirados paradigmas 
são quebrados e 
um novo e colorido mosaico começa
a se formar.
 
Aos poucos é
revelado um adocicado
escondido,
que encanta, surpreende, 
colhe, escolhe e acolhe.
 
E a união de almas está selada.

(inspirado na amiga Sylvia)

Sol flambado








Quebrando o jejum,
busco alimentos que nutrem a alma.

um mantra

um sorriso

um raio de sol

um telefonema

uma mensagem

uma flor que balança
na árvore pedindo um beijo

uma palavra doce

um olhar apimentado

um mar salgado

um sol flambado

um limão no pé

um convite feito gengibre
que bom para a garganta,
gargalha e grita 
por bons motivos
boas notícias
boas energias

Busco alimentos que nutram a alma
e no meio do caminho
encontro um azul imenso
cujas nuvens mandam recadinhos
engraçados

uma mensagem dos céus

um brinde à vida.

Tim-Tim!!!

Granola rainha



Aveia
gergelim
chia
açúcar mascavo
coco ralado
e uva passa.

Porque hoje é dia de granola.

Caseira, morna,
feito aconchego
numa manhã de domingo.

De companhia,
aquela bananinha que te olha, tímida,
da fruteira, ou
aquele mamão maduro que te espia
pela fresta da geladeira,
enciumado.

Também é bem-vindo 
aquele iogurte feito em casa,
azedinho,
bem cremoso e com aquele natural
que reporta aos meus primeiros e doces anos na escola.

Para acompanhar toda essa gratidão,
um cafezinho expresso que esperou a semanada inteira
para ser feito, e que hoje,
perfuma a casa toda.

Nos ouvidos, um mantra entoa, agradecendo a vida.

Na ponta dos dedos, um compartilhar que cutuca um campo, 
que de magro não tem nada; 
uma cidade luz,
que deixa de lado seus croissants para se encantar com a granola e um reino unido, onde hoje, quem reina é ela! 

Sozinha, mas acompanhada!

(para a amiga Sylvia)

Doce futuro doce






Sempre trabalhei com carteira assinada e assim, desde meus 17 anos vivo a segurança de um salário fixo no fim do mês, dentro de uma zona de conforto sem muita alteração.

O tempo voou e de repente, no auge de meio século de vida, me vejo em meio a reflexões de mudança e sair dessa zona de conforto amedronta e o desconhecido torna-se um bicho de duzentas cabeças.

Parece que os medos que vamos colecionando ao longo da vida, passam a ter maior valor afetivo e como toda a COLEÇÃO, é difícil a gente se desapegar.

Medos que nos paralisam, nos estancam, nos cegam e nos calam, sem consentimento.

Medos concretos, medos abstratos, mas sempre medos...

Mas ainda bem que além do medo, existe a fé, a esperança e anjos que chamamos de amigos.

Anjos sem asas mas que nos ajudam nos mais altos voos.

Primavera chegando, e ontem abriu-se uma nova janela... grande, bonita, ensolarada e de lá consigo ver também uma bela paisagem, saborosa e com nuvens de algodão doce.

Apesar do medo, da mudança e do desconhecido, tô apostando num futuro bem açucarado, feito, embalado e servido com todo o amor que trago no coração... um coração também,  sempre doce!

Doces lembranças







Nasceu em novembro, talvez por ser mês de frutinhas vermelhas e suculentas.

Fez um aninho e ganhou um bolo em forma de coelho, com recheio de morango, coberto com coco e no pescoço um charmoso laço escarlate.

Cresceu livre, pulando amarelinha, jogando bolinha de gude, andando de carrinho de rolimã, jogando caçador e brincando de polícia e ladrão, onde preferia ser sempre polícia. Também gostava das poucas bonecas que tinha e nunca esqueceu um fogãozinho de quatro bocas com panelinhas que ganhou da mãe.

Desde então já cozinhava e a cada tentativa, o arroz ficava mais tenro e macio. Margareth, sua boneca, era sua cobaia, sempre obrigada a saborear tal prato, fosse almoço, fosse jantar.

Costumava também fazer uma deliciosa sopa de pedrinhas, que mesmo depois de horas de fogo, teimavam em ficar crocantes.

Suco de limão sempre foi o preferido. Limão do pé, tirado na hora. Orgulho da casa, ao lado das irmãs laranjeira e mimoseira.

Adorava quando chegava sábado. 

Primeiro porque não precisava se despedir da mãe que saia diariamente pra trabalhar. Segundo, porque a cera canário amarela em pasta entrava em ação no assoalho de madeira que aguardava ansiosamente...

O aroma só se fazia coadjuvante diante do cheirinho de pão caseiro assando no forno no final da tarde....protagonista sempre aplaudido por mãozinhas pequenas que adoravam segurar uma fatia com a manteiga derretendo e se equilibrando feito um artista de circo na corda bamba.

Televisão não havia, mas uma rechonchuda bacia de pipoca sempre fazia companhia, principalmente nos dias de chuva, quando os olhinhos ficavam igualmente aguados ao ver a mãe sair para mais um dia de trabalho.

Bolo, morango, coco, limão, laranja mimosa... doces lembranças de uma infância boa que ainda hoje recheiam e cobrem um coração nostálgico, sensível, choroso, porém, muito grato!

Obrigada mãe! 

A você todos os meus doces, trazendo um pouco de alegria a essa vida às vezes tão amarga.

Beijinhos doces




Sempre gostei de aniversários. 

Talvez até mais dos aniversários dos outros do que o meu próprio.

Sempre fui aquela que lembrava, organizava, comprava o presente, encomendava o bolo, enchia as bexigas e coloria o ambiente com cores, velinhas e o famosos “parabéns pra você”.

Isso se repetiu por muitos anos nos locais onde trabalhei e sempre foi algo que gostei de fazer.

Hoje, quando completo mais um ano de vida, reflito sobre esse momento e chego à conclusão de que aniversariamos para lembrarmos o quando amamos e o quanto somos amados.

Para lembrarmos de celebrar a vida e a gratidão.

Somos recordados das mais diversas maneiras, nos mais distantes lugares, com uma palavra, uma recordação, um bolinho, uma ilustração... não importa, o importante é que chegue ao coração, e  chega!

E é impossível falar de aniversário e não falar de CARTÃO!!!!

Papel, cor, imagens, cortes e  r e c o r t e s !!!

Quando criança, sempre tive dificuldade de lidar com a tesoura. Talvez, por usar óculos, meus recortes nunca eram perfeitos. Passaram-se décadas e ainda me vejo em meio a papéis coloridos, colagens e criações que hoje me são completos momentos de introspecção e terapia.

Hoje não jogo mais a culpa na tesoura, que continua cortando meio torto, e já aprendi a aceitar essas imperfeições, afinal de contas, trabalho manual é assim e chega uma hora que perfeccionismo vira uma coisa chata.

Talvez a isso se dê o nome de maturidade, talvez.... coisas que antes lhe incomodavam, hoje são aceitas, sem grandes conflitos interiores.

Hoje não teve BOLO, mas teve encontro, sorrisos, abraços, lágrimas nos olhos e é isso o que importa... que 51 seja sempre uma boa ideia!

Algodão doce




Como se já não me bastasse um "filho" para alimentar, ainda fui arranjar mais um...

Calma gente! Não tenho filho e nem estou grávida novamente... A maternidade tem sido apenas exercitada no cuidado com meu pequeno grande Nicolau - um vira-lata pretinho de pouco mais de um ano e Meg, uma pequinês misturada, cor de caramelo, um pouquinho mais velha.

Bastante básica em informática, me orgulho por ter criado  s o z i n h a, DOIS blogs!!!

O primeiro tem por objetivo principal registrar meus textos e devaneios, antes perdidos nas gavetas em pedaços de papel, manuscritos ou datilografados...

Já esse, gostaria de dedicar a outras estrepolias, dessa vez, na COZINHA.

Trabalho desde adolescente. Escrevo desde adolescente. Gosto de doces desde adolescente.

Passadas três décadas dessa vida toda, resolvi unir tudo numa panela só.

Pela primeira vez na vida, estou tento a coragem de me dar de presente alguns meses sabáticos.

Sabático? Achei uma definição que adorei - "largar tudo pra mergulhar numa jornada de redescoberta e reinvenção."

Taí! É o que meu coração deseja, na certeza de que a vida é muito curta pra vivermos em mesmices que não nos levam a lugar nenhum e aí bateu uma saudade ENORME daquelas que fazem brilhar olhinhos de criança diante daquele algodão que não tem nada a ver com o do curativo, mas tem cores diversas, derrete na boca e a faz se abrir num sorriso sem fim.

Voltando à cozinha e às panelas, ou melhor, as formas, minha paixão por café com bolo nas tardes chuvosas me impulsiona a preencher meus dias com ovos, açúcar, manteiga e farinha.

Para os mais naturebas, teremos também pães integrais e para os dias em que a chuva vier acompanhada do frio, acalentarei esses momentos com biscoitos, que com um chazinho cura qualquer mal humor devido à falta de sol.

O cardápio está sendo criado, pensado, sonhado, e em breve, irá para o forno, ainda lentamente aquecido e ansiosamente aguardado pra ser degustado.

Por enquanto, o fermento cresce e aos poucos vai dando forma ao alimento que no momento, já nutre a minha alma e meu novo sonho de sobrevivência... com certeza de uma forma mais justa, mais merecida e mais feliz, feito algodão doce à espera da maçã do amor!!! 



Bolo de LARAnja





Nossa, como era longe aquele lugar!

Acordava às 5 da manhã, pegava o primeiro ônibus às 6h e se o trânsito não ajudasse muito, perigava eu chegar atrasada e ainda levar advertência no período de experiência. Quanta exigência!


Parecia mais um quartel general! E olha que eu já estudei no Colégio da Polícia Militar e deveria estar acostumada a manter a blusa branca por dentro da calça de tergal verde, o casaquinho sempre abotoado, e assim por diante. Sem falar no "Sentido! Descansar! Meia-volta, volver!"

Mas como tudo que é "ruim" dura pouco, essa aventura radical cuja adrenalina descarto, levou apenas 3 (longos) meses. Resistência zero, acabei desligada do grupo de elite.

No entanto, como sempre há um lado bom nas situações mais complicadas dessa vida, acabei conhecendo pessoas. A maioria simplesmente passou, mas uma em especial ficou.

Inteligente, dedicada, capricorniana, séria, cabelo comprido e louro,  era expert em Excel e quando podia, ajudava os colegas do quartel, digo, do departamento. Não tivemos um grande contato no início, mas os poucos laços que fizemos, se apertaram de uma forma, que até hoje, 17 anos depois ainda nos falamos.

Também teve vida curta no "quartel" e decidiu pedir baixa antes que se tornasse um general como os demais. Aplicada e disciplinada, tingiu os cabelos de um castanho escuro mais natural e galgou vários degraus desde então. Hoje é uma importante Servidora Pública Federal. Como nem tudo é cor-de-rosa com bolinhas da mesma cor, mora em Campinas e como não é fã de Sandy & Junior, nem de Chitãozinho & Xororó, essa proximidade não lhe diz nada e não gosta da cidade.

Toda vez que vem a Curitiba, marcamos em uma cafeteria e colocamos as novidades em dia, ou então, peço licença ao Papai Noel, e no dia 25 nos encontramos para um abraço de aniversário.

Dessa vez, alguns dias de férias foram antecipados e um gentil convite para um almoço veio por e-mail e foi logo aceito.

Disse que me admirava pela disposição em atravessar a cidade pra rever os amigos, imagine! Eu é que a admiro pela batalhadora que é ! Quem dera eu tivesse 1/3 da disposição dela para os estudos.

Um delicioso arroz de forno me aguardava, na companhia de um maravilhoso suco de abacaxi com hortelã, da pequena horta que sua querida e simpática mãe mantém em frente de casa. Uma delícia de almoço numa segunda-feira em que a chuva ameaçou chegar, mas o vento não deixou... quem sabe amanhã!

Conversa vai, conversa vem, e de repente um cheirinho de café nos levou de volta à mesa.

Pra minha surpresa e alegria, um delicioso BOLO DE LARANJA também estava lá pra me recepcionar, ao lado de outro de chocolate.

Amarelinho, macio, saboroso, que com café com leite forma uma dupla quase dinâmica, mexeu com minhas lembranças e definiu mais um sabor do meu cardápio de bolos, aquele, ainda a ser definido.

Aí eu pergunto... tem coisa melhor do que café com bolo na casa de uma amiga, regado a conversas, risadas, trocas, confidências???

Acho que é por isso que ADORO bolo com café sem açúcar. Acho que é por isso que há poucos meses germinou em mim a ideia de fazer disso uma fonte de renda, um trabalho, um prazer, uma diversão!

E é com essa convicção que sigo em frente, mesmo que em passos lentos, na certeza que um dia chegarei lá, mesmo ainda sem saber exatamente onde.


P.S. Amiga L.A.B, esse texto é pra você! Grata pelo delicioso bolinho de laranja com casca! (13/09/2014).