quarta-feira, 31 de maio de 2023

Mãe Mar

 



Uma IMENSIDÃO

por trás de três letras.

Azul nos

olhos.

Céu.

Mar. 

Às vezes calmo,

às vezes revolto.

A(mar) que transborda feito ele, 

que me olha e me lembra que ela está aqui.

No horizonte,

no seu poente,

e

que descansa em paz!


Para minha mãezinha de lindos olhos azuis, que não conheceu o mar e cujos olhos, mesmo fechados, continuam brilhando para o mundo.

Uma homenagem nesta data, onde pouco mais de meio século atrás, minha mãe entrou numa igreja para selar o matrimônio e me receber numa família. 

Minha gratidão! ❤️

quinta-feira, 25 de maio de 2023

Bem-te-flor ou Beija-vi

 


Hoje acordei com o sol batendo na minha janela.
Olhei para ver quem era, e o céu já se vestia de azul.
Levantei, passei um café e espalhei migalhinhas de pão sobre a mesa.
Bem-te-vi e Beija-flor já me aguardavam.
Famintos por mais um dia, cantavam e beijavam sem parar.
Terminada a refeição, saciado, o sol se recolheu e o céu nublou.
Quinta-feira.
Maio.
25.
E minha gratidão por mais um dia de canto, de beijo e de nuvens no céu.


sexta-feira, 19 de maio de 2023

amo-ME




Nunca parei pra pensar muito nisso, mas com a partida da irreverente, ousada, rebelde, única e icônica Rita Lee, me identifico com o bordão "ovelha negra da família". Do meu jeito, sempre trouxe uma insatisfação interna e uma personalidade forte como diziam alguns. 

Sempre fui aquela que falava, se manifestava, questionava e se ferrava por conta disso. 

Escorpiana, comentavam outros! 

Rita nasceu no último dia do ano e diante da dificuldade de competir com os fogos de artifício do Réveillon, resolveu comemorar seu  aniversário no dia 22 de maio - dia de Santa RITA de Cássia, é mole? Achei o máximo e esse tipo de coisa nos move a ser como ela. Desbocada, com parafusos soltos quando jovem e encontrando esses parafusos na velhice, mas ainda sem apertá-los. Preferia-os frouxos, sem comprometer sua autenticidade.

Ainda não tenho 75 anos e nem sei se chegarei a soprar tamanha quantidade de velinhas, mas como ela, também gostaria de serenar assim, trocando os chás de cogumelos por camomila (não que eu tenha experimentado um); as noitadas (saudades de dançar até as 3 da manhã), por leituras longas enquanto os óculos ainda dão conta das letras pequenas na penumbra do abajur,  e os ruídos da cidade pelo canto do bem-te-vi, que mesmo diante da selva de pedra ainda me visita toda manhã.

Gosto de comer, gosto de experimentar sabores diferentes, gosto de cozinhar, e outro dia, censurada diante de um prato de comida árabe, eu disse que gostaria de morrer comendo...

Hoje já acordei com outras vontades.

Uma delas é de morrer lendo, escrevendo e bordando e que o último suspiro seja deitada numa rede, de preferência com o sol batendo na janela.

Dança do tempo


Amo

Brinco, brindo, beijo

Crio, cresço

Danço

Envelheço

Fantasio

Gero, giro

Hesito

Insisto

Jogo, julgo

Kaio

Levanto

Medito

Namoro

Oro

Protejo

Quero

Repenso

Sublimo

Transmuto

Uivo

Viajo

Wagueio

Xereto

Ygnoro

Zoo

quinta-feira, 18 de maio de 2023

teAR

 



Como um tear vivo,

sigo

tecendo meus dias,

um ponto de cada vez, um fio de cada cor.

Ora amarelo, ensolarado, ora cinza, nublado.

Nós ainda me desconcertam,

linhas me desalinham,

fios me conectam,

lãs me aquecem.

Sigo em meio a fios que encobrem,

disfarçam e revelam.

Sigo tecendo meus dias

com a sabedoria presente das vovós,

aquelas, nem sempre conhecidas.

Aqui e ali.

Na amorosidade

de um colo,

de um chá e

de um xale...

Sensível emaranhado de 

fios, 

lãs, 

linhas, 

agulhas e muita 

CURA.

Sigo tecendo um coração

que bate,

forte,

no compasso de um dia de cada vez.

sexta-feira, 12 de maio de 2023

dança



 o M se movimenta

o L se levanta

o C o convida

e o D se põe a dançar

AS LETRAS SE VESTEM DE PALAVRAS E RODOPIAM FEITO BAILARINAS NAS PONTAS DOS LÁPIS

chegam

deslizam

desafiam

povoam

divertem

ensinam

no meio do espetáculo

o R levanta a mão e nos pede REFLEXÃO