quinta-feira, 17 de abril de 2014

Olhar




Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o Sul.
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:


Me ajuda a olhar!     (A função da Arte - O Livro dos Abraços, Eduardo Galeano)



Querido Diego,

Tão jovem e já tão sábio! Deve ser o orgulho de seu pai Santiago, lindo nome, aliás, e uma opção minha se eu tivesse tido um filho homem; nome que resulta da contração do título "santo" com o nome Iago, que significa "aquele que vence" e me lembra o famoso Caminho de Santiago de Compostela, que um dia também gostaria de vivenciar.

Então o mar lhe foi apresentado... que belo e grandioso presente o convite para enxergá-lo também como os olhos do seu coração.

Eu experimentei o seu beijo salgado pela primeira vez aos 13 anos, e justamente por desconhecê-lo, fui abraçada por uma onda, que também desconhecendo a sua força, me puxou tão forte que me assustou bastante, e hoje em dia, tomo precauções e me faço  criança na beira da praia.

Mas você não precisa compartilhar desse meu trauma, mesmo porque, contemplar o mar é maravilhoso e eu diria mais, pra mim chega a ser reflexivo.

Parece que quando estamos lá, diante, dele, na moldura de tamanha imensidão nos tornamos tão pequenos quanto um grão de areia... Perceba, ainda, como o barulho das ondas, naquele vai e vem incansável, acalma e quase nos põe a sonhar acordados... não há terapia melhor e concordo com você, pois também fico muda de beleza e penso o quanto a natureza é generosa.

Generosa, pois a praia em geral não é de ninguém e podemos desfrutá-la de maneira gratuita, sem precisar pagar por cada foto sacada pelo coração... revelação pra lá de instantânea!E o melhor de tudo, é que ele, o mar, estará sempre lá a sua espera, seja para estar com ele apenas nas férias, seja para passar lá para apenas um aceno, um olá ou um simples  e novo olhar...

Um beijinho doce,

Hannah

Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre. "
Carlos Drummond de Andrade ANDRADE, C. D. Receita de Ano Novo.  Editora Record. 2008.






Querido Carlito,                                                         

O tempo segue no seu voo acelerado e uma vez mais chegamos ao final de um ano que está prestes a se tornar velho muito em breve.
Os ânimos já estão cansados e parece que até uma pena, pesa... Psicológico? Talvez.
É como se a palavra NATAL fosse sinônimo de comércio, presente, roupa nova, sapato novo, carnê novo, dívida nova...
E as crianças, coitadas, sempre na ansiedade de sentar no colo do Papai Noel, e num sorriso (ou choro) balbuciar xissssssssssss.
As pessoas ficam enlouquecidas e as lojas infelizmente agradecem, cultuam e aplaudem tamanha falta de bom senso, contanto que o lucro seja bom na mais lucrativa festa do ano, o famoso e gritante capitalismo selvagem.
Que pena!
Me desculpem os não religiosos, mas cresci ouvindo minha falecida mãe nos lembrando que o aniversariante do dia 25 de dezembro era bem outro e que a festa deveria ter uma outra conotação.
Me desculpe, também, tamanho desabafo, mas precisei exorcizar tudo isso no sentido de respirar fundo e  agradecer .
Enquanto todos fogem da originalidade encaminhando os costumeiros cartões de Natal, e alguns aderem ao digital e coisa e tal, você não!
Gentil, suave e sensivelmente me encaminhou algo lindo através do quase “démodé” carteiro, que enfrentando a bravura do meu pequeno Nicolau, deitou um belo envelope em minha caixa de correspondência.
Uma receita!!!
Adoro receitas, amo cozinhar e aproveitando que essa época é bem propícia para deletarmos as dietas e regimes, salivo, saboreio e já me delicio com tamanhas guloseimas e as poéticas são as melhores pois engordam apenas a alma...
Que lindo! Um ano colorido com sementinhas do vir-a-ser... vou plantar algumas no jardim lá de casa.
Que bom que você está me isentando das famosas listas, apesar de que ainda acho bom colocar no papel nossas prioridades, nossos planos, nossos desejos, nossos sonhos, apesar de que chega dezembro e são poucos os itens riscados, o que deixa um gosto amargo de dever não cumprido.
Obrigada por me lembrar que um novo ano cochila e adormece dentro de mim... Com certeza ele despertará com os fogos de artifício que gritarão na madrugada do dia 1º e isso me fará lembrar de você e de que somos ambos merecedores de um bom e renovado ano novo!

Abraço sempre apertado,
Beatriz

Sonhos esquecidos




Helena sonhou que deixava os sonhos esquecidos numa ilha.

Claribel Alegria recolhia os sonhos, os amarrava com uma fita e os guardava bem guardados. 

Mas as crianças da casa descobriam o esconderijo e queriam vestir os sonhos de Helena, e Claribel, zangada, dizia a eles:
- Nisso ninguém mexe.
Então Claribel telefonava para Helena e perguntava:
- O que eu faço com os meus sonhos?

(O Livro dos Abraços, Eduardo Galeano)



Querida Helena,

O que  fazer com os seus sonhos? Boa pergunta, uma vez que não sei nem o que fazer com os meus... afinal de contas são tantos e infelizmente bem poucos concretizáveis.
O que não significa que não devemos continuar sonhando, pois entendo isso como um verdadeiro agente motivador para que continuemos vivendo.
Mas então quer dizer que você esqueceu seus sonhos numa ilha? Onde anda com a cabeça menina?!..
E Claribel Alegria, que malvada ela por amarrar os sonhos e os manter escondidos, quase mortos, sem uma fresta de luz ou uma gota d´água...
Fiquei feliz ao saber que as crianças descobriram o esconderijo , mas ao mesmo tempo triste, por ela não deixar que elas os vestissem os seus sonhos e saíssem por aí experimentando coisas novas e saboreando belas paisagens.
Ela lhe telefonou perguntando o que fazer com os sonhos dela? Alguma sugestão? No meu entendimento ela vive num eterno pesadelo e é isso que ela consegue ao aprisionar os pobrezinhos, que vivem amarrados, inertes e secos...
Aliás, o nome dela deveria ser Claribel Tristeza, quem sabe assim, chorando, ela pudesse regar algum sonho  adormecido, acordando-o para a vida.
Um abraço apertado,
Anna

RETALHOS






Cheguei
de repente
de mansinho
não avisei

Inconveniente, talvez
Costumo incomodar

Contente
Falo a verdade
Cutuco a autenticidade
Luto com espontaneidade

Cheguei já partindo
Dificilmente fico
Raízes crio, rio
Semeio, colho
Sacio e sigo


O mundo me fascina
todo momento
qualquer esquina
reserva um sentimento

Um retalho aqui
Um retrato acolá
uma saudade
Em todo lugar

Assim vou
Parto
Reparto

Rasgando
Caseando
Costurando
Remendando
Colorindo
Sorrindo

Tecendo
lembranças
Trapos e tecidos
Resgatando semelhanças
Sonhos  umedecidos

Alhos e bugalhos
Coloridos frangalhos
Numa linda colcha
De pequenos retalhos

Pedaços daqui
Fragmentos dali
Unidos
Pela linha que dói

Mas que alinha 
e reconstrói 

segunda-feira, 14 de abril de 2014

PO & SIA ILIMITADA






Uma flor
Traz calor
Despedida.

Um encanto
Um poema
Um pranto sem medida.

POEIRA E AZIA
CADÊ A POESIA?

Versos gritados
Reversos contidos
Palavras sortidas
Rimas partidas.

CADÊ A POESIA?

Dançante!
Pulsante!
Viva!

Foi pra festa poética
Rodopiar nas letras
Tontear as palavras
Deitar ao lado dos veros
Dançar com as rimas
Descalças e nuas...


  
A aula em versos acabou
A festa poética começou
Soneto ausente
Haicai viajando
Prosa distante, chorosa,
Poesia dançante...

Cadê os convidados???

Admiração









Costumo brincar que Matelândia fica próxima à Disneilândia. E Ramilândia, então? Nunca tinha ouvido falar desses lugares até conhecer minha amiga.

Vivíamos o final da década de 80 e ela foi fazer estágio na empresa em que eu trabalhava. Fazia a faculdade de Psicologia e acabou se decepcionando com suas atividades que incluíam preencher algumas fichinhas na hoje obsoleta máquina de escrever. Motivo: Tinha fugido das aulas de datilografia e simplesmente desconhecia as teclas de tal instrumento de trabalho.

        a          s          d          f           g      ....................     h             j               k             l          ç
           
O tal estágio durou apenas 3 meses, mas nossa amizade foi vivida intensamente.

Eu adorava sua capa preta batendo no tornozelo, sua saia amarela igualmente longa, seu coturno preto com cadarços amarelos e enfeitando seus cabelos longos e loiros, um laço,  adivinhem que cor?

Falando em capa preta, eu também tinha uma e a guardo até hoje, talvez à espera de um convite para uma festa à fantasia.

O tempo passou, ela se tornou psicóloga sem mesmo concluir o curso de datilografia e logo conseguiu um emprego numa empresa de alimentação industrial onde trabalhou por uma dúzia de anos.

Namorei, terminei, e por um tempo ela chegou a alugar um quarto no apartamento desse meu ex-namorado. Até isso compartilhamos, sem ciúme algum!

Em 96 resolvi me aventurar por terras estrangeiras e ela ficou aqui, como sempre, torcendo por mim.

Quando retornei, quase três  anos depois, a encontrei trabalhando no departamento de Recursos Humanos de uma multinacional. Imaginem se ela não me ajudou na contratação... gratidão!

Eu, na verdade, me imaginava mais forte, mais tolerante e menos espontânea e transparente, características essas que não casam muito bem como o capitalismo selvagem que invade os corredores de uma indústria automobilística, e permaneci nesse meio por apenas 5 anos. Digo “apenas” pois minha amiga permanece lá até hoje, num total de 14 anos.

Ela, pisciana, eu escorpiana. Pensem em opostos e multipliquem por 10.... mas nos completamos e nos respeitamos... talvez por termos o mesmo ascendente em aquário.

Crescemos, amaduremos, envelhecemos e lá se vão quase 3 décadas de amizade, companheirismo, cumplicidade, transparência, verdade, espontaneidade.

Adora água, é viciada em sol e idolatra a natureza.
     
     Vegetariana, é incapaz de matar uma formiga, arrancar uma flor e na nossa última viagem à praia, simplesmente devolveu uma água-viva ao mar, que se debatia na areia em busca de ar...
        
       Como não admirar uma pessoa assim?
            
      Ano passado realizou o sonho de comprar um terreno na praia de Santa Catarina. O projeto ainda não saiu do papel, mas a expectativa de construir uma casinha dentre as árvores já é G R A N D E.

       
       Aposentaria, terceira idade e amizade eterna diante do mar!

C L E C S (ou simples tentativas)






·        O “S” sussurrou um som que o “R” ruminou.

·        “ABC” e “BE A BA” são dois grupos que jogam no mesmo time.

·        Ping e Pong foram ao médico. Motivo: Torcicolo.

·        O B convidou o R que chamou o I que acenou para o N que gritou para o C que incluiu o A que lembrou do outro R e saíram todos a BRINCAR.

·        O bule e os biscoitos se encontraram para um romântico chá das cinco.

·        Chove gatos e cachorros e Nicolau, meu cãozinho, olha esperançoso para o  alto pra ver se chove na sua horta.

·        Prateleira da farmácia: Eno sal de frutas, Eno palavras em cápsulas.

·        Quem foi que disse que uma flor precisa ser vermelha? Mas céu que é céu, este sim, precisa ser azul.

·         Coloque um “A” na frente do mar e ele fica ainda maior...

·        Já acordei várias vezes no meio da noite... Ora pra fazer xixi, ora pra fazer poesia.

·        Depois de uma abstinência poética, me embriago ao povoar uma folha de papel.

·        Árvores dançando, folhas sacolejando, rãs gritando, grilos, sapos e pássaros sussurrando... Festa!

·        Uma pedrinha rolou lá em cima, e o sono, de súbito,
foi quebrado... ainda bem que não foi o telhado!

·        De madrugada, sou acordada por uma chuva intensa que deve ter vindo pra matar minha sede de sonhos...

·        O sol e o mar transpiram, mas inspiram.

·        Hoje estou menos doce.  Substituí o melado do açúcar pelo salgado do mar.

·        Não seria CIGARRA o feminino de cigarro? Com ou sem nicotina e alcatrão, continua anunciando mais um VICIANTE dia de sol...

·        Um brinde à poesia que torna a nossa vida ainda mais saborosa. Tim-tim!

·        Relógio que para é tempo que se perdeu no tempo.

·        Amizade virtual é como o sol e a lua, mesmo que marquem, o encontro nunca acontece.


·        O leite azedou e meu “pretinho” ficou à espera de seu amigo polaco.

di VERSOS



Uma flor, um beijo
Asas e pétalas 
em chamas
Um pássaro apaixonado
Uma flor enamorada
Um beija-flor.

----------------------------------------------------------------



Quero-Quero
Quero
Não quero
Te quero
Perto Quero
Quero-Quero
Longe não quero

-----------------------------------------------------------





Flamango Flamengo
Flamingo  Flamongo
Flamungo
Flamango
Flamengo Flamingo
Flamongo  Flamungo
Flamango
Flamengo
Flamingo
Flamongo
Flamungo


-------------------------------------------------------------------------------




Uma graça
De graça
Que graça
Graça
Faz graça
Acha graça
Fica sem graça
Engraça

--------------------------------------------------------------------




Bem me quer
Mal me quer
Malte vi
Bem te vi


------------------------------------------




B raço
que acolhe
E nlaço
que envolve
M elaço
que adoça

T raço
que define
E mbaraço
Que surge

V oo
I nfinito

Com açúcar e com afeto







A vida dos adultos às vezes parecia tão pálida, que era como se os pequenos tivessem o dever de colorir seus dias fosse com giz de cera, lápis de cor ou tinta Guache. Alguma cor precisava surgir na tela branca , nem que fosse alguma inconveniente manchinha de suco de uva  no avental da escola ou no marrom do barro que se agarrava insistente, com unhas e dentes no solado da minha charmosa conguinha vermelha, bamba branquinho ou dos famosos kichutes dos meus irmãos.

Mata fechada, mata molhada, mato queimado, fizesse sol ou fizesse chuva, antes mesmo do arco-íris dar suas pinceladas no grandioso céu, já estávamos lá, naquele cenário perfeito para criaturinhas que cresciam nas alturas de suas fantasias e aventuras.

Éramos donos daquele paraíso a céu aberto e queríamos simplesmente morar lá, mas para isso precisaríamos de uma casa. Tijolos não havia, mas por outro lado, imaginação não faltava. Enquanto um procurava uma árvore com uma grande e generosa sombra, outro buscava pedaços de paus e gravetos, enquanto eu era incumbida de pegar emprestado um lençol do guarda-roupa da minha mãe , que podia ser velho, mas sem “goteiras”.

E a festa estava feita! Uma cabana era tudo o que precisávamos para nos garantir o aconchego e a proteção de um teto sobre nossas cabeças, um perfeito esconderijo no meio da floresta.

Mas de vez em quando recebíamos a visita da chuva e o jeito era sonhar com a televisão do vizinho. Éramos  p r o i b i d o s  de incomodar o vizinho, mas como criança que é criança desconhece o perigo dessa palavrinha difícil, sempre dávamos um jeitinho de improvisar um cinema na casa alheia e a felicidade estava completa quando ainda tínhamos uma bacia de pipoca quentinha como companhia.

Ao lado de nossa casa pequena e simples, havia uma casa bonita onde morava outra vizinha de nome Margareth. Uma jovem loira de cabelos longos que nos acostumou muito mal com o fornecimento de chicletes tutti frutti, e que ficava bastante irritada toda vez que resolvíamos gritar por tal guloseima através do muro que separava as duas casas, mas eu gostava dela. Gostava tanto, que quando ganhei uma boneca do tamanho de um bebê, que chorava e tudo, batizei-a com o nome dela, numa espontânea e ingênua homenagem.

Margareth, a pobre coitada da boneca, também numa ingênua e espontânea iniciativa minha, teve os cílios, as unhas e os cabelos delicadamente cortados (porque com certeza voltariam a crescer) e a boca, sim, a boca, antes fechada, foi aberta... agora poderia se alimentar e ainda chupar chupeta, feito um bebê de verdade.

Sempre tivemos pouquíssimos brinquedos, mas creio que num milagre de Natal, Papai Noel reconhecendo que eu era uma boa menina, me trouxe um fogãozinho de alumínio com panelinhas, uma chaleirinha e uma forminha de pudim, que eu simplesmente amava. Nas aventuras da culinária, nada me impedia de “cozinhar”, nem mesmo a falta de fogo. Bastava colocar um punhadinho de arroz na panelinha e acrescentar um pouquinho de água... em poucos minutos o arroz estava pronto para ser saboreado. Margarete adorava, mas como o tempo, essa comida toda que não estava sendo adequadamente digerida, precisou ser removida, e numa cirurgia de emergência, Margareth teve parte de suas costas retirada. O trauma foi tão grande, que desde então parou de chorar.

Bolinha de gude, Carrinho de rolimã, Amarelinha, Caçador ou Queimada,  Esconde-esconde, Polícia e Ladrão, eram tantas as brincadeiras, mas como que ainda não suficientes, ainda nos divertíamos dançando na sala da vizinha ao som de Tina Charles ou então, não tirávamos os ouvidos de um radinho de pilha da minha mãe, sintonizados na Rádio Atalaia AM,  brincando de “Qual é a Música”, influenciados pelo quadro do domingueiro e ainda contemporâneo Sílvio Santos, onde o cantor Ronnie Von apareceu  e foi amor à primeira vista!!!

Delírios à parte, anos mais tarde, ganhamos uma pequena TV preto e branco que era considerada a melhor das invenções para os dias de chuva ou inverno.

Daniel Boone, Viagem ao Fundo do Mar, Terra de Gigantes,  Túnel do Tempo, Perdidos no Espaço, The Waltons, Bonanza, Rim-Tim-Tim, Jeannie é um gênio, A Feiticeira, A Mulher Biônica e  Lee Majors como O Homem de Seis Milhões de Dólares,  foram algumas preciosidades que nos acompanharam naqueles doces anos, cujo cheirinho ainda se faz presente quando a pipoca pula na panela, fazendo a alegria da criançada...


 

Pxiuuuuuuuuuu!!! O filme já vai começar!!!...